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Presidente critica quem
aposta "nas desgraças"
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No dia em que viu um compadre e o ministro da Justiça enfrentarem duros depoimentos no Senado e na Câmara, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva afirmou
ontem que no Brasil ninguém se
interessa pelos "bons acontecimentos", mas somente por "desgraças" e "miséria". E disse: "No
Brasil é assim, o cara não te dá o
direito de ser feliz".
As declarações de Lula ocorreram no início da tarde no Palácio
do Itamaraty, numa fala improvisada durante a cerimônia de formatura de turmas de mestrado
em diplomacia e do curso de Formação do Instituto Rio Branco.
Em nenhum momento o presidente citou as crises políticas de
seu governo. Os ataques aos pessimistas ocorreram ao tratar das
ações de sua política externa.
"Tem gente que fala: "Nossa,
mas esse pessoal vai investir na
embaixada. Isso é gastar dinheiro.
Vai mandar um diplomata para
tal lugar. Vai gastar dinheiro". É
sempre assim que funcionam as
coisas no Brasil. Estamos sempre
nivelando por baixo, estamos
sempre apostando na desgraça,
estamos sempre apostando na
miséria", afirmou o presidente,
sob aplausos dos presentes.
"O carro vai quebrar"
Empolgado, o presidente prosseguiu arrancando gargalhadas
de ministros e diplomatas: "É como se você preparasse toda a família para sair no domingo, ir para um lugar bonito, passar um domingo numa cachoeira, e chegasse um vizinho: "O carro vai quebrar". No Brasil é assim, o cara não
te dá o direito de ser feliz".
Lula discursou no Itamaraty no
momento em que seu amigo, o
advogado Roberto Teixeira, falava à CPI dos Bingos, e o ministro
da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, prestava depoimento na CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados.
Antes, atacou os "saudosistas",
ao defender as ações de sua política externa e suas viagens ao exterior, alvo de críticas da oposição.
"Eu acho que o momento que estamos vivendo, de política externa, é glorioso. Alguns saudosistas
não gostam. "Ah, porque tem gente que acha que nós precisamos
pedir licença aos outros todo dia,
nós não podemos fazer nada sozinhos, porque a nossa balança comercial está crescendo, porque a
economia mundial está crescendo'", declarou.
O presidente prosseguiu, citando o investimento que considera
positivo numa feira organizada
no início do governo pelo Brasil
no Oriente Médio: "Como nós fomos ao Oriente Médio e fizemos
uma feira que custou US$ 500 mil,
não faltaram críticas, neste país,
de que estávamos gastando US$
500 mil para fazer uma feira. Ninguém perguntou quanto nós ganhamos depois daquela feira,
porque não interessam os bons
acontecimentos".
Ao final, o presidente voltou a
provocar risos entre os presentes,
ao chamar de "coisa" as eleições
de outubro. "Eu não ia fazer mais
nenhuma viagem internacional
até o final do ano. Não ia, eu ia ficar por aqui, porque tem coisa
que vai acontecer por aqui, eu
queria ficar por aqui."
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