|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Candidatos a vice de Serra atuam como oposição
MARTA SALOMON
SECRETÁRIA DE REDAÇÃO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os candidatos da hora à vaga de
vice na chapa do tucano José Serra fogem ao figurino de aliados do
governo. A atuação dos peemedebistas Rita Camata (ES) e Pedro
Simon (RS) no Congresso não se
ajusta a um dos principais lemas
da candidatura governista, segundo o qual o Brasil "está no rumo
certo". Ambos fazem parte da ala
do PMDB que mantém independência do Planalto.
Se dependesse do voto da deputada Rita Camata, Fernando Henrique Cardoso não teria aval do
Congresso para disputar a reeleição em 1998. Ela se opôs à emenda
constitucional que abriu caminho
a um segundo mandato do presidente. Já o senador Pedro Simon
apoiou a reeleição no primeiro
turno de votação, mas mudou seu
voto no segundo turno.
No ano passado, os dois assinaram a polêmica CPI -que não
saiu do papel- articulada para
investigar supostos casos de corrupção no governo FHC.
Rita Camata votou contra todas
as emendas constitucionais que
abriram a economia do país. Foi
contra o fim dos monopólios do
petróleo e das telecomunicações.
Também se opôs às reformas administrativa e da Previdência. Votou contra a quebra da estabilidade do servidor público no emprego, o fim do Regime Jurídico Único, a exigência de idade mínima
para a aposentadoria no INSS e de
servidores públicos, além da redução de vencimentos para servidores que se aposentassem.
Recentemente negou apoio à
fórmula encontrada pelo governo
para tentar equilibrar as contas da
Previdência, o ""fator previdenciário", que aumenta o valor da aposentadoria para quem adiar o pedido de benefício. E negou seu voto à flexibilização da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).
O Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) deu nota 9 a Rita Camata pelo
desempenho nas reformas. Governistas famosos tiveram nota
zero no mesmo levantamento.
Entre eles: os deputados Arnaldo
Madeira (PSDB-SP), líder do governo na Câmara, e Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM), ex-secretário-geral da Presidência.
Das matérias de interesse do governo, Rita Camata apoiou a recriação da CPMF, em 99, e votou a
favor da Lei de Responsabilidade
Fiscal, no ano seguinte.
Também cotado para ser vice de
Serra, Simon fez menos oposição
que Rita às reformas econômicas:
só votou contra a quebra do monopólio do petróleo. Nas votações
das reformas que vieram em seguida, ele se opôs às reformas administrativa e da Previdência.
Amigo de FHC, Simon não poupa críticas ao governo. Em julho
do ano passado, FHC reagiu assim a suspeitas lançadas pelo senador de que poderia ter problemas numa eventual CPI para investigar a privatização das empresas de telefonia: "Quero aproveitar para pedir ao senador Pedro
Simon que pare de ser o cupim da
dignidade alheia". Simon devolveu: "Esse tipo de agressão vulgar
fica mal para o presidente".
Texto Anterior: PMDB se inclina por Simon para vice Próximo Texto: Tucano propõe teto para preço de medicamentos Índice
|