São Paulo, terça-feira, 21 de maio de 2002

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Candidatos a vice de Serra atuam como oposição

MARTA SALOMON
SECRETÁRIA DE REDAÇÃO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os candidatos da hora à vaga de vice na chapa do tucano José Serra fogem ao figurino de aliados do governo. A atuação dos peemedebistas Rita Camata (ES) e Pedro Simon (RS) no Congresso não se ajusta a um dos principais lemas da candidatura governista, segundo o qual o Brasil "está no rumo certo". Ambos fazem parte da ala do PMDB que mantém independência do Planalto.
Se dependesse do voto da deputada Rita Camata, Fernando Henrique Cardoso não teria aval do Congresso para disputar a reeleição em 1998. Ela se opôs à emenda constitucional que abriu caminho a um segundo mandato do presidente. Já o senador Pedro Simon apoiou a reeleição no primeiro turno de votação, mas mudou seu voto no segundo turno.
No ano passado, os dois assinaram a polêmica CPI -que não saiu do papel- articulada para investigar supostos casos de corrupção no governo FHC.
Rita Camata votou contra todas as emendas constitucionais que abriram a economia do país. Foi contra o fim dos monopólios do petróleo e das telecomunicações. Também se opôs às reformas administrativa e da Previdência. Votou contra a quebra da estabilidade do servidor público no emprego, o fim do Regime Jurídico Único, a exigência de idade mínima para a aposentadoria no INSS e de servidores públicos, além da redução de vencimentos para servidores que se aposentassem.
Recentemente negou apoio à fórmula encontrada pelo governo para tentar equilibrar as contas da Previdência, o ""fator previdenciário", que aumenta o valor da aposentadoria para quem adiar o pedido de benefício. E negou seu voto à flexibilização da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).
O Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) deu nota 9 a Rita Camata pelo desempenho nas reformas. Governistas famosos tiveram nota zero no mesmo levantamento. Entre eles: os deputados Arnaldo Madeira (PSDB-SP), líder do governo na Câmara, e Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM), ex-secretário-geral da Presidência.
Das matérias de interesse do governo, Rita Camata apoiou a recriação da CPMF, em 99, e votou a favor da Lei de Responsabilidade Fiscal, no ano seguinte.
Também cotado para ser vice de Serra, Simon fez menos oposição que Rita às reformas econômicas: só votou contra a quebra do monopólio do petróleo. Nas votações das reformas que vieram em seguida, ele se opôs às reformas administrativa e da Previdência.
Amigo de FHC, Simon não poupa críticas ao governo. Em julho do ano passado, FHC reagiu assim a suspeitas lançadas pelo senador de que poderia ter problemas numa eventual CPI para investigar a privatização das empresas de telefonia: "Quero aproveitar para pedir ao senador Pedro Simon que pare de ser o cupim da dignidade alheia". Simon devolveu: "Esse tipo de agressão vulgar fica mal para o presidente".


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