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São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 2003

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JANIO DE FREITAS

Está na hora

O salto que o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) pernambucano faz, das invasões pacíficas para o uso da violência agressiva, é um fato perigoso, diante do qual, assim como não cabe a repressão atrabiliária, também não cabem contemporizações, confundíveis com o reconhecimento velado de uma nova modalidade de ação dos sem-terra.
As invasões pacíficas têm sido uma ilegalidade tolerada, no sentido de que não levaram a impedir a continuidade do MST e de invasões subsequentes, algumas até com o desperdício de esforço em meras e inúteis provocações. O recurso à força agressiva, porém, implica o risco de que as várias violências de fundo social, do campo e das cidades, acabem se confundindo em um novo problema, já conhecido por alguns países vizinhos.
Muitas vezes como candidato e algumas já presidente, Luiz Inácio Lula da Silva tem ressaltado suas condições excepcionais para tratar com os diferentes movimentos e associações de trabalhadores da terra. A ocasião é mais do que oportuna para começar a fazê-lo. E fazê-lo, agora parece necessário esclarecer, não é produzir mais uns quantos discursos. É buscar modos de entendimento e de compromisso. Neste caso, compromisso para ser cumprido.

Os dedos
Com a autoridade de alguém sempre leal ao seu passado e a seus escritos, Fernando Henrique Cardoso, apropriadamente diante de mil profissionais de venda e marketing, emitiu sua enérgica sentença para Lula: "Que ele seja fiel a si e às pessoas que votaram nele".
Ao pronunciar a frase, Fernando Henrique levantou só um dedo incisivo, aquele indicador das ênfases oratórias. Não mostrou os cinco dedos que em certo tempo prometiam "educação, saúde, agricultura, emprego e segurança".

Mau sinal
Ainda não se sabe se é uma pessoa inconvivível, como seus tantos conflitos sugerem, ou se Garotinho é apenas irrequieto demais. Mas aí está ele envolvido em nova transferência partidária que, nesse caso, é uma ameaça a mais para o Estado do Rio. Garotinho e Moreira Franco aliam-se, acertando as presenças de ambos no PMDB, em projeto que tende a ressuscitar o que fora posto no nível mais relegado da política fluminense.
A propósito, Moreira Franco está lançando o livro "Ainda é tempo de um Brasil menos desigual". Sem dúvida, mas antes seria preciso um Brasil menos corrompido por políticos.


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