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REFORMAS
Governo quer evitar rebeldes à frente das comissões que analisarão as propostas
Dirceu orienta líderes aliados a mapear focos "dissidentes"
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Líderes dos partidos da base
aliada na Câmara decidiram ontem, em reunião no Palácio do
Planalto com o ministro José Dirceu (Casa Civil), fechar questão
pela votação favorável às reformas tributária e previdenciária na
Comissão de Constituição e Justiça e fazer um relatório com todos
os políticos considerados "dissidentes". Convidado, o PMDB não
quis participar da reunião.
Os representantes de PT, PL, PC
do B, PSB, PPS, PDT, PTB e PV receberam ainda a incumbência de
fazer o mapeamento de suas bancadas e, até segunda-feira da semana que vem, apresentar ao governo possíveis nomes dos dissidentes, aqueles que são contra as
reformas.
"O governo quer saber com
quantos votos exatamente pode
contar", disse o vice-líder do PL,
deputado bispo Rodrigues (RJ).
Uma preocupação expressa na
reunião com Dirceu, segundo relato dos presentes, é de os partidos não nomearem possíveis "rebeldes" para as comissões especiais que tratarão das reformas,
quando estiver vencida a etapa da
CCJ. "A idéia é não indicar para as
comissões quem não estiver afinado com o projeto da base aliada", disse o líder do PTB, Roberto
Jefferson (RJ).
O governo quer evitar o erro cometido quando da indicação de
nomes para a CCJ. No PT, há dois
focos de dissidência: os deputados Antonio Carlos Biscaia (RJ) e
João Fontes (SE). No PL, segundo
Rodrigues, dois dos cinco deputados na comissão também são vistos como resistentes ao projeto do
Planalto -ele não deu os nomes.
"Se não quiserem votar pela admissibilidade das propostas, serão substituídos e os suplentes assumirão", disse o vice-líder.
A única baixa na reunião foi o
PMDB. O líder Eunício Oliveira
(CE) foi convidado, mas não
compareceu -o partido ainda
resiste a se alinhar automaticamente à base governista sem ter
cargos no governo.
Do partido, esteve no encontro,
que durou cerca de uma hora, o
senador Amir Lando (RO), líder
do governo no Congresso. "No
Senado, há posição favorável [às
propostas] consolidada. Na Câmara, estamos caminhando
bem", disse Lando.
Oficialmente, os líderes afirmam que o fechamento de questão ontem foi apenas para a votação da "admissibilidade" das reformas. "O mérito é uma questão
interna, que os partidos discutirão num segundo momento",
afirmou o petebista Jefferson.
Na prática, os líderes da base
aliada reconhecem que não deverá surgir mudança substancial
nos planos do governo em momento nenhum.
No PT, que tem os casos mais
crônicos de dissidência, a ordem é
seguir em velocidade acelerada
rumo ao enquadramento. Quem
não votar com o governo será punido. No entanto, o deputado
Professor Luizinho (SP), um dos
vice-líderes do governo, fez uma
distinção entre os casos de Biscaia
e Fontes. "Biscaia é um grande
companheiro, tem história e é disciplinado. O Fontes deveria estar
negociando com a Luciana Genro
e o Babá [radicais petistas]."
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