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São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 2003

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REFORMAS

Governo quer evitar rebeldes à frente das comissões que analisarão as propostas

Dirceu orienta líderes aliados a mapear focos "dissidentes"

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Líderes dos partidos da base aliada na Câmara decidiram ontem, em reunião no Palácio do Planalto com o ministro José Dirceu (Casa Civil), fechar questão pela votação favorável às reformas tributária e previdenciária na Comissão de Constituição e Justiça e fazer um relatório com todos os políticos considerados "dissidentes". Convidado, o PMDB não quis participar da reunião.
Os representantes de PT, PL, PC do B, PSB, PPS, PDT, PTB e PV receberam ainda a incumbência de fazer o mapeamento de suas bancadas e, até segunda-feira da semana que vem, apresentar ao governo possíveis nomes dos dissidentes, aqueles que são contra as reformas.
"O governo quer saber com quantos votos exatamente pode contar", disse o vice-líder do PL, deputado bispo Rodrigues (RJ).
Uma preocupação expressa na reunião com Dirceu, segundo relato dos presentes, é de os partidos não nomearem possíveis "rebeldes" para as comissões especiais que tratarão das reformas, quando estiver vencida a etapa da CCJ. "A idéia é não indicar para as comissões quem não estiver afinado com o projeto da base aliada", disse o líder do PTB, Roberto Jefferson (RJ).
O governo quer evitar o erro cometido quando da indicação de nomes para a CCJ. No PT, há dois focos de dissidência: os deputados Antonio Carlos Biscaia (RJ) e João Fontes (SE). No PL, segundo Rodrigues, dois dos cinco deputados na comissão também são vistos como resistentes ao projeto do Planalto -ele não deu os nomes. "Se não quiserem votar pela admissibilidade das propostas, serão substituídos e os suplentes assumirão", disse o vice-líder.
A única baixa na reunião foi o PMDB. O líder Eunício Oliveira (CE) foi convidado, mas não compareceu -o partido ainda resiste a se alinhar automaticamente à base governista sem ter cargos no governo.
Do partido, esteve no encontro, que durou cerca de uma hora, o senador Amir Lando (RO), líder do governo no Congresso. "No Senado, há posição favorável [às propostas] consolidada. Na Câmara, estamos caminhando bem", disse Lando.
Oficialmente, os líderes afirmam que o fechamento de questão ontem foi apenas para a votação da "admissibilidade" das reformas. "O mérito é uma questão interna, que os partidos discutirão num segundo momento", afirmou o petebista Jefferson.
Na prática, os líderes da base aliada reconhecem que não deverá surgir mudança substancial nos planos do governo em momento nenhum.
No PT, que tem os casos mais crônicos de dissidência, a ordem é seguir em velocidade acelerada rumo ao enquadramento. Quem não votar com o governo será punido. No entanto, o deputado Professor Luizinho (SP), um dos vice-líderes do governo, fez uma distinção entre os casos de Biscaia e Fontes. "Biscaia é um grande companheiro, tem história e é disciplinado. O Fontes deveria estar negociando com a Luciana Genro e o Babá [radicais petistas]."


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