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São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 2003

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PMDB terá cargos em ministérios

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Executiva Nacional do PMDB vai ratificar na próxima terça-feira o acordo de apoio ao governo feito pelas bancadas do Congresso. O acerto prevê que a sigla receberá ministérios em eventual reforma no final do ano. Até lá, será recompensada por dezenas de cargos de terceiro escalão, inclusive no Ministério dos Transportes.
O PMDB ocupou os Transportes nos dois mandatos do PSDB na Presidência da República. Nesse período, foi alvo de uma série de denúncias de corrupção, como a de pagamentos de precatórios superfaturados e fora da ordem prevista. Pelo acordo com o Planalto, o partido ficará com as diretorias do antigo DNER que ainda mantém nos Estados.
Nas negociações entraram também diretorias regionais de órgãos como a Caixa Econômica Federal e a antiga Sudene e pelo menos cinco superintendências regionais da Infraero (Empresa Nacional de Infra-Estrutura Aeroportuária). A Infraero, cujo comando foi entregue ao PTB, tem um patrimônio de R$ 600 milhões e receita operacional, ano passado, de mais de R$ 1 bilhão. É mais atrativa, para os políticos, que alguns ministérios.
Para atender a seção mineira da sigla, que é controlada pelo ex-governador Newton Cardoso, o Planalto se dispôs a criar uma nova diretoria em Furnas. O agraciado seria o ex-deputado Marcos Lima, que ainda não respondeu se aceita: ele queria dirigir a Transpetro, uma subsidiária da Petrobrás que ficará para o ex-senador Sérgio Machado (CE).
Os peemedebistas goianos, que apoiaram o PT na eleição presidencial, já haviam garantido indicações para o Denit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes). Agora, querem assegurar uma embaixada para o ex-senador e ex-ministro da Justiça Iris Resende. No capítulo da diplomacia, o Planalto já indicou o ex-presidente do PMDB Paes de Andrade para ocupar o posto em Lisboa.
Além de manter o afilhado que indicou para o Denit de Alagoas, o líder no Senado, Renan Calheiros, também terá espaço na companhia elétrica estadual. Ele ainda tem indicações a fazer para a Petroquisa, subsidiária da Petrobras que dirigiu em parte do governo Itamar Franco.
Outro cacique, o presidente do Senado, José Sarney (AP), já assegurou afilhados na Eletrobrás, Eletronorte e até no Planalto, que abrigará um ex-senador maranhense, Francisco Escórcio, como assessor especial de Lula.
Para fechar a maioria na Executiva Nacional do PMDB o presidente da sigla, Michel Temer, teve de contornar resistências. Principalmente dos governadores de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, e de Santa Catarina, Luiz Henrique.
Os três terão o PT como principal adversário nas eleições municipais do próximo ano e querem arrancar do governo o compromisso de que Lula não participará ativamente da campanha eleitoral. No almoço com as bancadas federais do PMDB, Lula disse que se manterá neutro na disputa. Mas esses governadores querem que o Planalto deixe o compromisso mais explícito.
Seja como for, os governadores não devem se opor à ratificação do entendimento: a integração do PMDB ao governo já ocorre na prática, como provam a participação do senador Amir Lando (RO), líder no Congresso, na reunião ministerial de anteontem, e o preenchimento de cargos.
Mais que as resistências internas, a dificuldade para o Planalto com a incorporação do PMDB deve vir dos partidos-satélites. O PL e o PTB não só contavam com os cargos dados aos peemedebistas como pretendiam cooptar deputados tucanos e pefelistas que pretendem aderir a siglas governistas. A preferência passa a ser o PMDB, partido bem maior e mais bem estruturado em todo o país.


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