|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PMDB terá cargos em ministérios
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Executiva Nacional do PMDB
vai ratificar na próxima terça-feira o acordo de apoio ao governo
feito pelas bancadas do Congresso. O acerto prevê que a sigla receberá ministérios em eventual reforma no final do ano. Até lá, será
recompensada por dezenas de
cargos de terceiro escalão, inclusive no Ministério dos Transportes.
O PMDB ocupou os Transportes nos dois mandatos do PSDB
na Presidência da República. Nesse período, foi alvo de uma série
de denúncias de corrupção, como
a de pagamentos de precatórios
superfaturados e fora da ordem
prevista. Pelo acordo com o Planalto, o partido ficará com as diretorias do antigo DNER que ainda
mantém nos Estados.
Nas negociações entraram também diretorias regionais de órgãos como a Caixa Econômica Federal e a antiga Sudene e pelo menos cinco superintendências regionais da Infraero (Empresa Nacional de Infra-Estrutura Aeroportuária). A Infraero, cujo comando foi entregue ao PTB, tem
um patrimônio de R$ 600 milhões
e receita operacional, ano passado, de mais de R$ 1 bilhão. É mais
atrativa, para os políticos, que alguns ministérios.
Para atender a seção mineira da
sigla, que é controlada pelo ex-governador Newton Cardoso, o Planalto se dispôs a criar uma nova
diretoria em Furnas. O agraciado
seria o ex-deputado Marcos Lima,
que ainda não respondeu se aceita: ele queria dirigir a Transpetro,
uma subsidiária da Petrobrás que
ficará para o ex-senador Sérgio
Machado (CE).
Os peemedebistas goianos, que
apoiaram o PT na eleição presidencial, já haviam garantido indicações para o Denit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes). Agora, querem assegurar uma embaixada
para o ex-senador e ex-ministro
da Justiça Iris Resende. No capítulo da diplomacia, o Planalto já indicou o ex-presidente do PMDB
Paes de Andrade para ocupar o
posto em Lisboa.
Além de manter o afilhado que
indicou para o Denit de Alagoas, o
líder no Senado, Renan Calheiros,
também terá espaço na companhia elétrica estadual. Ele ainda
tem indicações a fazer para a Petroquisa, subsidiária da Petrobras
que dirigiu em parte do governo
Itamar Franco.
Outro cacique, o presidente do
Senado, José Sarney (AP), já assegurou afilhados na Eletrobrás,
Eletronorte e até no Planalto, que
abrigará um ex-senador maranhense, Francisco Escórcio, como
assessor especial de Lula.
Para fechar a maioria na Executiva Nacional do PMDB o presidente da sigla, Michel Temer, teve
de contornar resistências. Principalmente dos governadores de
Pernambuco, Jarbas Vasconcelos,
Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, e de Santa Catarina, Luiz
Henrique.
Os três terão o PT como principal adversário nas eleições municipais do próximo ano e querem
arrancar do governo o compromisso de que Lula não participará
ativamente da campanha eleitoral. No almoço com as bancadas
federais do PMDB, Lula disse que
se manterá neutro na disputa.
Mas esses governadores querem
que o Planalto deixe o compromisso mais explícito.
Seja como for, os governadores
não devem se opor à ratificação
do entendimento: a integração do
PMDB ao governo já ocorre na
prática, como provam a participação do senador Amir Lando
(RO), líder no Congresso, na reunião ministerial de anteontem, e o
preenchimento de cargos.
Mais que as resistências internas, a dificuldade para o Planalto
com a incorporação do PMDB
deve vir dos partidos-satélites. O
PL e o PTB não só contavam com
os cargos dados aos peemedebistas como pretendiam cooptar deputados tucanos e pefelistas que
pretendem aderir a siglas governistas. A preferência passa a ser o
PMDB, partido bem maior e mais
bem estruturado em todo o país.
Texto Anterior: Reformas: Dirceu orienta líderes aliados a mapear focos "dissidentes" Próximo Texto: Governo acha erro em reforma da Previdência Índice
|