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"Paciência e fé
têm limites",
diz líder do MST
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
"Paciência e fé têm limites."
Com essa frase, João Paulo Rodrigues, 23, uma das principais
lideranças do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra), sinalizou o fim da
lua-de-mel do movimento com
o governo do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT).
Rodrigues disse que ouviu a
frase -que ele afirma estar repetindo em todas as reuniões
de que participa- duas semanas atrás de um acampado na
Paraíba. Ela mostra que "os
mais de cem mil acampados
pelo país já estão perdendo a
paciência". Segundo ele, o MST
irá aprofundar, a partir de junho, o enfrentamento com o
latifúndio em todo o país e o
"presidente Lula vai ter que decidir a que veio".
Questionado se, na prática, a
intensificação das ações seria o
fim da trégua do MST com Lula, Rodrigues foi taxativo: "Fim
da trégua não, porque o movimento nunca deu trégua a nenhum governo. Mas, depois de cinco meses, Lula já devia estar
com a máquina arrumada e
mostrar que tipo de reforma
agrária quer para o país".
Logo após as eleições presidenciais, havia consenso entre
as principais lideranças nacionais do MST de que Lula iria
precisar de um tempo de governo para "arrumar a casa".
Após a posse, com a nomeação
de Miguel Rossetto (político da
esquerda petista que tem a confiança dos sem-terra) para o
Ministério de Desenvolvimento Agrário, os líderes do MST
tinham esperança de que Lula
iria fazer a reforma agrária desejada pelo movimento. Depois de cinco meses, a lua-de-mel parece ter acabado.
Para Rodrigues, o MST não
está contra Lula, mas preocupado com a falta de um sinal
concreto de que o governo Lula
vai "realmente" enfrentar a desigualdade social e a falta de
justiça agrária no país.
O líder do MST calcula que
existem 140 mil acampados em
todo o país, de diversos movimentos sociais, sendo que
85.000 deles seriam do MST.
"Essa massa quer de Lula uma
decisão e um avanço concreto,
não paliativos sobre a reforma
agrária. Queremos metas para
os quatro anos de governo, para este ano, e queremos um efetivo Plano Nacional de Reforma Agrária", afirmou.
Rodrigues criticou também
as metas anunciadas para o
Plano Safra do governo Lula,
que destina R$ 44 bilhões para
custeio de safra dos médios e
grandes proprietários rurais e
R$ 5 bilhões para os pequenos e
micro produtores. "Tem que
mudar essa balança, os pequenos não podem ficar sempre à
mercê de migalhas na hora de o
governo direcionar as verbas."
Segundo João Paulo Rodrigues, o MST não está preocupado apenas com a falta de definição do governo Lula com
relação à questão agrária. Ele
criticou a indecisão governamental com relação a uma posição sobre o plantio de transgênicos no país.
"O governo precisa dar uma
resposta rápida e prática sobre
os transgênicos. Não iremos
permitir dubiedade sobre o assunto", declarou Rodrigues.
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