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ANÁLISE
Lula não cumpre promessas
DA AGÊNCIA FOLHA
Os primeiros quatro meses e
meio do governo Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) têm indicado um caminho da reforma agrária diferente daquele proposto durante a
campanha presidencial.
Até agora, o Palácio do Planalto
não liberou nenhum centavo para
o Ministério do Desenvolvimento
Agrário, sugeriu a estadualização
do ITR (Imposto Territorial Rural) e sinalizou pelo fim das emissões de TDAs (Títulos da Dívida
Agrária) -principal instrumento
para a desapropriação de terras.
Os movimentos de trabalhadores rurais e os próprios servidores
do Incra (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária)
disseram por diversas vezes que o
"companheiro" Lula, ao assumir
a Presidência da República, não
resolveria o problema dos acampados do país com uma simples
"canetada", como ele mesmo prometera em campanhas anteriores.
Se isso ocorresse, causaria uma
colisão com novos aliados do Planalto, como PMDB e PP (ex-PPB), recheados de ruralistas históricos. E, nesse momento, a meta
principal é a aprovação das reformas tributária e previdenciária.
Mas, no mínimo, os sem-terra
esperavam por uma sinalização
de boa vontade sobre o tema,
sempre enaltecido como uma das
principais bandeiras petistas.
Ruptura
O MST ainda não anunciou
uma ruptura definitiva, continua
conversando e ouvindo as promessas governamentais, mas
sempre em tom de "autonomia".
Para a liderança do movimento, o
difícil é explicar aos acampados o
porquê de um eventual rompimento com o atual governo.
Algumas lideranças dos sem-terra já ensaiam um divórcio com
o governo Lula. O Grito dos Excluídos, em setembro próximo,
pode ser o ponto culminante da
ruptura. Antes disso, o governo
precisa finalizar o PPA (Plano
Plurianual) 2004-2007 e incluir
suas metas para o Incra.
Mas até o Incra já dá como certo
que o PPA virá sem um novo
PNRA (Plano Nacional de Reforma Agrária), prometido oficialmente na campanha eleitoral,
mas ainda estagnado. Aliás, levar
o PNRA ao Congresso seria comprar briga com os "novos" aliados
e colocar sob risco a ampla aliança
do Planalto.
(EDUARDO SCOLESE)
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