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Governador de Alagoas é citado em inquérito da PF
Teotônio Vilela (PSDB) teria autorizado obra para empresa após encontro com Zuleido
Apuração também aponta para o ex-governador João Alves Filho (DEM-SE); tanto ele como tucano não foram localizados pela reportagem
SILVANA DE FREITAS
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
ANDREZA MATAIS
DA FOLHA ONLINE
O inquérito criminal da Operação Navalha da Polícia Federal cita o suposto envolvimento
do governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB), no
esquema de fraude a licitações
e obras públicas.
Segundo gravações telefônicas da PF, ele teria autorizado a
execução de uma obra pela
construtora Gautama, logo
após um encontro com o dono
da empresa, Zuleido Veras,
apontado como o chefe da organização criminosa.
Também aparece nas investigações o nome do ex-governador de Sergipe João Alves Filho
(DEM), cujo filho, João Alves
Neto, está preso. O procurador-geral da República, Antonio
Fernando de Souza, diz que ele
tinha conhecimento da suposta
atuação irregular do filho.
Em parecer de 21 de novembro de 2006, Antonio Fernando diz: "Existem indícios da
participação do governador de
Sergipe, João Alves Filho, através do filho, João Alves Neto".
A Operação Navalha pôs sob
suspeita Jackson Lago (PDT),
atual governador do Maranhão
e que tem dois sobrinhos presos, e José Reinaldo Tavares
(PSB), ex-governador do Maranhão, que obteve liminar ontem após três dias na carceragem da PF, em Brasília.
Alagoas
No relatório que cita o atual
governador de Alagoas, dois delegados da PF dizem: "Já há algum tempo os integrantes da
organização vêm falando sobre
uma obra de "alças" rodoviárias,
sendo que neste último período
foram interceptados diálogos
que sugerem que tal obra deverá ser entregue à Gautama".
Os dois delegados que assinam o documento prosseguem:
"Enéas [de Alencastro] e Denilson [de Luna Tenório] falam
que a ordem teria partido do
governador, o qual no dia 26 de
abril, às 12h30, teve encontro
com Zuleido no gabinete de
João Tenório, em Brasília."
Suplente de Teotônio, João
Tenório assumiu a vaga no Senado com a eleição do tucano.
Enéas e Denilson são funcionários do governo de Alagoas e estão presos. O inquérito registrou ao menos três encontros
entre Teotônio e Zuleido. Em
um deles, ao tratar da obra de
"alças" rodoviárias, o governador se queixa que Zuleido só
trabalha com "dinheiro grande". Não fica claro qual foi o valor negociado. O empreiteiro
diz que "não gosta de trabalhar
com governador fraco".
A apuração mostra que os negócios com a Gautama teriam
ajudado o governo de Alagoas a
quitar débito com o INSS, porque, inadimplente, o Estado
não recebia repasses da União.
A PF também relata a "contratação" de uma pessoa para
acompanhar o secretário de Infra-Estrutura de Alagoas,
Adeilson Bezerra, em "farras",
como exemplo do "grau de especialização" da quadrilha.
A assessoria do governador
de Alagoas disse que não seria
possível contatá-lo, porque ele
estava na casa de praia, incomunicável. O ex-governador de
Sergipe não foi encontrado.
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