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Para evitar desgaste, Lula cogita reajuste a aposentados
Presidente se divide entre sancionar aumento de 7,7% ou enviar nova MP ao Congresso
Setor econômico pressiona presidente a negar reajuste, mas a área política teme desgaste; Lula deve vetar
fim de fator previdenciário
SIMONE IGLESIAS
FÁBIO AMATO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Lula vetará o
fim do fator previdenciário,
aprovado anteontem pelo Senado. Quanto ao reajuste de
7,7% para os aposentados que
ganham mais de um salário mínimo, a Folha apurou que a decisão ainda não foi tomada.
O presidente poderá sancionar o aumento, mesmo que não
concorde com o índice, para
que o desgaste com veto não
recaia sobre o Executivo.
Há ainda uma alternativa intermediária na mesa do presidente: vetar o percentual e
mandar para o Congresso uma
medida provisória instituindo
aumento de 7%.
Segundo um interlocutor
próximo a Lula, "não será surpresa" se ele optar pela sanção,
apesar de considerar que será
uma decisão "dolorosa" pelo
impacto nas finanças.
Desde que o Congresso resolveu ignorar as propostas de
reajuste do governo -primeiro
de 6,14% e depois de 7%-, Lula
passou a acusar os parlamentares de tentar tirar proveito eleitoral com o reajuste acima do
que é possível pelos estudos
feitos pela área econômica.
Ontem, ele voltou a questionar a atitude do Congresso.
"Tem gente que acha que ganha voto fazendo isso, quando,
na verdade, se o povo compreender o que significa isso,
essas pessoas podem até não
ganhar o tanto de voto que
pensam que vão ganhar", disse.
Em seguida, Lula afirmou
que, como presidente, tem que
agir com responsabilidade para
não quebrar o governo.
Pressão
O presidente está sendo
pressionado pelos ministros
Guido Mantega (Fazenda) e
Paulo Bernardo (Planejamento) a não sancionar o aumento,
porque o reajuste sufocaria ainda mais as finanças públicas.
A área política do governo, no
entanto, defende que o percentual aprovado seja sancionado
para evitar desgaste por um
problema que não foi criado pelo governo, mas que recairá sobre o presidente.
O aumento atinge 8,3 milhões de aposentados e pensionistas. O total da folha de pagamento ao ano para eles é de
R$ 135,2 bilhões.
Se Lula sancionar os 7,7%
aprovados pelo Senado, o impacto anual nas contas chegará
a R$ 8,5 bilhões. O aumento é
retroativo a janeiro.
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