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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/HORA DAS CONCLUSÕES
Líder do PT movimentou R$ 1 milhão em dois anos
Senadora Ideli Salvatti nega irregularidades, mas não apresenta documentos
A líder petista no Senado justificou as operações com empréstimos de R$ 250 mil para bancar outdoors e "compromissos pessoais"
Alan Marques/Folha Imagem
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Senadora Ideli Salvatti (PT-SC) dá entrevista sobre denúncias |
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apoiada pela bancada de seu
partido, a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), afirmou
ontem que não há irregularidades em sua movimentação financeira entre 2003 e 2005,
que chegou a ser cinco vezes
maior que seu rendimentos. O
corregedor do Senado, Romeu
Tuma (PFL-SP), afirmou que
vai investigar o caso.
A senadora tomou posse no
primeiro ano do governo Luiz
Inácio Lula da Silva, quando o
dinheiro movimentado em
suas contas aumentou de
R$ 218 mil para R$ 477 mil, segundo documentos da Receita
Federal divulgados ontem pelo
jornal "Correio Braziliense".
Segundo a reportagem, em
2004 e 2005, ela teria movimentado cerca de R$ 1 milhão.
A senadora recebeu a solidariedade da bancada do PT, que
divulgou uma nota de apoio.
"Isso é futrica. Se tem ilicitude,
processe", desafiou Ideli e exigiu que a Receita faça um pente-fino em suas contas e lhe dê
"atestado de idoneidade".
Sem apresentar documentos,
Ideli justificou as operações
com a tomada de três empréstimos na Caixa, no Besc (Banco
do Estado de Santa Catarina) e
no Banco do Brasil, que teriam
somado cerca de R$ 250 mil.
Dois deles foram feitos para
pagar outdoors com propaganda da duplicação da BR-101 e
outro para "compromissos pessoais, de ordem familiar", diz
ela. A senadora nega que tenham sido contraídos para o
PT e afirma que foram declarados no Imposto de Renda.
Nesse período, o publicitário
Marcos Valério tomou empréstimos de R$ 55 milhões no Banco Rural e ao BMG e os repassou ao partido. Segundo a CPI
dos Correios, o esquema foi
montado para mascarar as fontes do mensalão.
O salário de Ideli é R$ 12.720,
mais R$ 3.800 de auxílio-moradia e verba de R$ 15 mil para
despesas com o escritório. Ela
disse que vendeu dois veículos
no período. A senadora questionou o vazamento de documentos sigilosos e atacou o
procurador da República Celso
Três, que teve acesso a sua movimentação financeira em investigação sobre irregularidades na duplicação da BR-101.
Três disse à Folha que vai
entrar com ação contra a senadora, por improbidade administrativa, por associar sua
imagem a uma obra pública,
por meio dos outdoors. O procurador estranhou a explicação
da senadora, de que tomou empréstimos. Segundo ele, quando foi instaurado o inquérito,
no ano passado, ela informou
apenas um empréstimo de
R$ 80 mil, na Caixa.
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