São Paulo, quarta-feira, 21 de junho de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

PSDB ataca Bastos e pede sua demissão

Líder do partido na Câmara solicita que Procuradoria e Receita Federal investiguem negócios do ministro da Justiça

Pedido se fundamenta em reportagem da Folha na qual ex-cliente de Bastos diz ter remetido US$ 4 milhões ao exterior para o ministro


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Dando início a um confronto já declarado nos bastidores, o líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Jutahy Júnior (BA), pediu ontem na tribuna do plenário o afastamento do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e enviou à Procuradoria Geral da República representação pedindo reabertura de investigação contra ele.
Numa audiência prevista para as 16h de hoje, Jutahy também apresentará ao secretário da Receita, Jorge Rachid, um "pedido de abertura de procedimento fiscal para apuração de possíveis irregularidades" cometidas pelo ministro.
Oficialmente, a ofensiva tem como base reportagem da Folha do último dia 12, na qual Ivo Morganti Júnior, ex-cliente do ministro, diz ter pago honorários de US$ 4 milhões por meio de uma remessa ilegal ao exterior. O caso foi arquivado em 2004 sem os procedimentos básicos de uma apuração de crime financeiro. Por meio da assessoria de imprensa do ministério, Bastos disse que todas as suas movimentações financeiras foram legais, com imposto devidamente recolhido e com anuência do Banco Central.
O PSDB investe contra o ministro por avaliar que ele está engajado na campanha pela reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na semana passada, Jutahy se queixou da atuação de Thomaz Bastos numa reunião com o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais). Ele reclamou inclusive da participação de Thomaz Bastos em convenção petista.
"O ministro da Justiça, chefe da Polícia Federal, está agindo partidariamente", afirma Jutahy. Para a oposição, Bastos estaria por trás da divulgação do laudo da PF que mostra uma assinatura verdadeira num papel com uma suposta lista de pagamentos de verba desviada de Furnas a políticos da oposição na campanha de 2002.
No seu discurso de ontem, o tucano apresentou ainda requerimento de convocação de Bastos para se explicar no Congresso. O pedido tem que ser aprovado pelo plenário. O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse que a atitude do PSDB é uma tentativa de criar um "factóide": "Isso mostra desrespeito com o Ministério Público e a Polícia Federal ao imaginar que essas instituições ficariam subordinadas a interesses de governos".


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