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Debate sobre classificação opõe Tarso e artistas
Para Tony Ramos, portaria "tolhe a criatividade artística"
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Integrantes da sociedade civil, do governo e representantes da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e
TV) travaram ontem, no Ministério da Justiça, um acalorado
debate sobre a definição de parâmetros da classificação indicativa para programas de TV.
A Abert reclama que regras
da portaria n.º 264, publicada
em fevereiro deste ano, no
"Diário Oficial da União", possibilitam censura prévia por
parte do governo. Também alega que as classificações de faixa
etária e horários de veiculação
não se tratam de indicações,
mas imposições.
Representantes do Ministério da Justiça, por outro lado,
-apoiados por uma série de
ONGs, entre elas a Andi (Agência de Notícias dos Direitos da
Infância)- negam qualquer tipo de censura e dizem que as
regras levam em conta o direito
da criança e do adolescente.
"Não existe censura, pois não
é possível proibir a veiculação
de nenhuma cena. O único Poder capaz de fazer isso é o Judiciário", disse Guilherme Canela, coordenador de relações
acadêmicas da Andi. "A portaria nasceu de um debate democrático e, de fato, não se trata de
censura", afirmou o ministro
Tarso Genro.
Representantes da classe artística estiveram presentes ao
debate, demonstrando apoio às
TVs. Juca de Oliveira comparou a classificação indicativa
aos tempos de censura da ditadura militar. "Não vamos permitir que isso [a censura] volte
a acontecer. Nunca mais."
Já para Tony Ramos, a portaria "tolhe a criatividade artística". "Não posso concordar com
o cerceamento da produção.
Acredito na liberdade de expressão". A atriz Fernanda
Montenegro esteve presente,
mas não se manifestou.
Em um dos momentos mais
tensos do debate, o advogado
da Abert Luís Roberto Barroso
questionava o papel do Estado
em classificar programas de
TV. "Como um Estado que não
tira as crianças das ruas quer
ter o direito de escolher o que
as crianças podem ou não podem ver", disse. Sob aplausos
dos atores e vaias do restante
do público, ele emendou: "As
ONGs que querem se ligar às
idéias do Estado têm que arcar
com o ônus de assumir que estão do lado contrário à liberdade de expressão".
Canela, porém, diz que os argumentos da Abert não tratam
de outras alternativas. "Dizemos que os programas precisam de classificação porque
identificamos riscos às crianças. Qual é a alternativa que
propõem as principais emissoras? É não ter classificação?"
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