São Paulo, Quarta-feira, 21 de Julho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SISTEMA FINANCEIRO
Novo presidente do banco afirma que "atribuições particulares" impedem venda agora
BB poderá ser privatizado "no futuro"

da Sucursal de Brasília

O novo presidente do Banco do Brasil, Paolo Zaghen, afirmou ontem que a instituição poderá ser privatizada no futuro.
A declaração foi feita logo depois de divulgada sua indicação pelo Ministério da Fazenda, em substituição a Andrea Calabi.
""Se me perguntam: o Banco do Brasil vai ser privatizado? Pode ser, no futuro. Mas hoje não há condições porque o banco tem atribuições particulares", declarou Zaghen.
A privatização do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, os dois maiores bancos federais, passou a ser discutida com mais intensidade no governo Fernando Henrique Cardoso depois da crise que culminou na desvalorização do real, em janeiro.
As equipes do Banco Central e da Fazenda defendem, embora não explicitamente, a venda dos dois bancos. O assunto, porém, é considerado delicado do ponto de vista político.

"Pauta"
""Essa não é a minha pauta de entrada (na presidência do Banco do Brasil). Isso não significa que, no futuro, o BB não possa ser privatizado", disse ontem o novo presidente do banco.
Paolo Zaghen vinha, desde 1996, ocupando o cargo de diretor do Banco Central para assuntos ligados a bancos estaduais. Na prática, ele conduzia o processo de privatização dessas instituições. Zaghen é amigo do ministro da Fazenda, Pedro Malan.
Andrea Calabi também foi confirmado ontem para a presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Os dois devem tomar posse no início da próxima semana.
Calabi vai para o BNDES em substituição a José Pio Borges, que pediu demissão na semana passada, logo depois de anunciada a saída de Celso Lafer do Ministério do Desenvolvimento.
Técnico mais identificado com o ministro da Saúde, José Serra, Calabi presidia o Banco do Brasil há cerca de seis meses.
Anteriormente, foi secretário-executivo do Ministério do Planejamento a partir da gestão do próprio Serra.

Exportações
No BNDES, Calabi terá como principal função financiar a retomada do crescimento econômico e o aumento das exportações -as principais metas definidas pelo novo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Clóvis Carvalho.
Como Serra, Carvalho é associado ao grupo do governo batizado de "desenvolvimentista" -o nome se deve à pregação em favor de mais ações destinadas ao crescimento econômico.
Andrea Calabi também é relacionado entre os "desenvolvimentistas".
O BNDES é uma instituição importante para essa linha de pensamento, por dispor de recursos para empréstimos com juros abaixo do mercado.
Dessa forma, as verbas do BNDES são utilizadas em políticas de fomento industrial.

Monetaristas
Do outro lado está o grupo de Malan e do Banco Central, apelidado de "monetarista" em razão da prioridade dada à estabilidade monetária.
Paolo Zaghen considera sua prioridade tornar o Banco do Brasil mais competitivo no mercado financeiro.
O novo presidente do BB pretende também equacionar problemas financeiros como os títulos da Prefeitura de São Paulo -que terão de ser refinanciados pela União- em poder do banco.


Texto Anterior: Governo baiano comemora
Próximo Texto: Cúpula do PMDB vai ignorar articulador
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.