São Paulo, quarta-feira, 21 de agosto de 2002

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MÍDIA

Debate analisa o impacto do mercado nos cadernos

Público fragmentado provoca impasse no jornalismo cultural

DA REPORTAGEM LOCAL

O jornalismo cultural está em crise. Um dos sintomas é a fragmentação da cobertura, cada vez mais voltada a grupinhos e "tribos" que não dialogam entre si.
O diagnóstico, consensual, foi apresentado anteontem à noite no Centro Universitário Alcântara Machado por Marcelo Coelho, colunista da Folha, Matinas Suzuki Jr., presidente do Grupo Ig, e Daniel Piza, editor-executivo de "O Estado de S.Paulo".
O debate faz parte das atividades da Cátedra Octavio Frias de Oliveira, criada em homenagem ao publisher da Folha.
Coelho, também membro do Conselho Editoral da Folha, defendeu que o jornalismo cultural, na ânsia de atender as demandas de mercado, acabou por incorporar métodos da publicidade.
O texto de publicidade não visa a fruição do leitor -sua função é induzir ao consumo. As críticas, segundo Coelho, incorporaram esse viés: "É como se o texto do jornalismo cultural me estivesse expulsando para fora dele".
Na avaliação de Piza, "o mal do jornalismo cultural brasileiro é o mal a cultura brasileira: a polarização". De um lado, disse, há os suplementos mais eruditos, editados aos domingos; de outro, cadernos feitos diariamente, voltados para o mundo pop e as variedades. "Esse é o ponto a combater", disse Piza.
Para Suzuki Jr., ex-editor-executivo da Folha e editor da Ilustrada nos anos 80, a fragmentação não é um problema do jornalismo cultural, nem é exclusivo do Brasil. "É um problema do jornal de papel. Não sei se ele vai conseguir dar conta dessa variedade", diagnosticou.
A internet, por ser mais "tribal", talvez seja a mídia dessa produção fragmentada, segundo ele.



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