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Encolhidos, mensaleiros tentam reaver espaço
Parlamentares envolvidos deixam linha de frente, mas ainda marcam presença em reuniões das legendas
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na quarta-feira passada, o
ex-presidente do PT e hoje deputado federal José Genoino
(SP) foi abordado na entrada da
sessão em que se discutia a
prorrogação da CPMF. Questionado sobre suas impressões
acerca da volta à pauta nacional
do mensalão, só repetia uma
expressão: "Luiz Fernando Pacheco", "Luiz Fernando Pacheco", em referência ao nome de
seu advogado em São Paulo.
A mudança de comportamento de Genoino -deputado
por cinco mandatos consecutivos, de 1983 até 2003, em sua
sexta incursão na Câmara-,
simboliza a situação dos congressistas que foram atingidos
pelo escândalo revelado em junho de 2005 por Roberto Jefferson em entrevista à Folha.
Antes expoentes da linha de
frente dos partidos, hoje perderam força, mas continuam com
atuação intensa nos bastidores.
A Folha conversou com vários petistas durante a última
semana sobre como atuam Genoino, Paulo Rocha (PT-PA) e
João Paulo Cunha (PT-SP), os
três deputados do partido que
constam da denúncia do procurador-geral da República,
Antonio Fernando de Souza.
Genoino, dizem, participa
ativamente das inúmeras reuniões que a bancada faz para
discutir projetos. "Antes, ele
participava um minutinho, dava um pitaco e já saía atrás dos
refletores", diz um dos colegas.
Ele esteve presente em 100%
das 78 sessões de votação realizadas neste ano pela Câmara.
Também é presença constante
na Comissão de Constituição e
Justiça, onde é membro titular.
João Paulo Cunha, primeiro
petista a presidir a Câmara, de
2003 a 2005, também tem evitado a imprensa -não atendeu
ao pedido de entrevista da Folha-, e é igualmente freqüente
no plenário (esteve em 73 das
78 sessões) e nas reuniões do
PT, onde foi um dos articuladores da reforma política, que
acabou naufragando com a
aprovação apenas de um projeto de fidelidade partidária.
Dos três, Paulo Rocha é o que
mais se isolou, segundo colegas,
que ressaltam que ele sempre
teve perfil de bastidor. Não falou com a reportagem. Também é freqüente em plenário
-só há duas faltas no ano.
Genoino aparece na denúncia do Ministério Público como
membro do "núcleo do esquema", já que presidia o PT. Rocha e João Paulo aparecem como destinatários de recursos.
"Paulo Rocha, João Paulo e
Genoino são parlamentares experientes, têm dado uma contribuição muito grande à bancada", diz o líder do PT na Câmara, Luiz Sérgio (RJ).
Fora do PT, os acusados de
integrar o mensalão igualmente saíram da linha de frente, o
que não representa ocaso político nem mesmo para José Borba (PMDB-PR), que não conseguiu se reeleger deputado.
Também acusado de receber
recursos do valerioduto, Borba
circula em gabinetes, nos ministérios, participa das reuniões da bancada. Ele articulou
apoios no PMDB à eleição de
Arlindo Chinaglia (PT-SP) à
presidência da Câmara e à indicação de Odílio Balbinotti
(PMDB-PR) ao Ministério da
Agricultura, posto que não ocupou porque foi abatido por um
escândalo. A Folha não conseguiu falar com Borba.
Respeito
Valdemar Costa Neto (PR-SP), antes manda-chuva de seu
partido, hoje divide o poder
com o ministro Alfredo Nascimento (Transportes) e com o
governador Blairo Maggi (MT).
Segundo aliados, é respeitado e temido no partido, já que
renunciou ao cargo de deputado "sem entregar ninguém".
Ele foi acusado de se beneficiar
de milhões do valerioduto. Na
época, disse que distribuiu a
correligionários. "Valdemar
não comenta assuntos que estejam sob análise da Justiça",
diz sua assessoria de imprensa.
Por fim, os três deputados do
PP acusados de se beneficiar do
mensalão, Pedro Corrêa (PE),
José Janene (PR) e Pedro
Henry (MT), igualmente perderam parte do poder que tinham -eram praticamente os
donos da bancada na Câmara.
Na última reunião dos dirigentes pepistas em Brasília,
eles estavam presentes, apesar
de só Henry continuar deputado. A Folha não conseguiu falar com nenhum dos três.
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