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CRISE NO AMAPÁ
Governador ignora decisão da Assembléia de afastá-lo do cargo
Capiberibe reassume e veta projeto
ELIANE SILVA
DA AGÊNCIA FOLHA EM MACAPÁ
O governador de Amapá, João
Aberto Capiberibe (PSB), 53,
reassumiu ontem seu cargo ignorando decisão da Assembléia Legislativa de afastá-lo por 180 dias.
Ele anunciou que vai vetar projeto de lei aprovado anteontem
pelos deputados estaduais que estabelece as diretrizes orçamentárias para o Estado em 2001.
"Vou ter que vetar essa lei e entrar com nova ação de inconstitucionalidade junto ao Supremo
Tribunal Federal porque os deputados estão ignorando os limites
impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal", disse o governador.
O veto é mais um capítulo no
confronto entre os Poderes Executivo e Legislativo do Estado. A
disputa começou na eleição de
Capiberibe para seu primeiro
mandato, em 1994, ganhou força
após a denúncia do governador à
CPI do Narcotráfico sobre a suposta existência de deputados estaduais ligados ao tráfico e se
agravou na última terça-feira,
com a aprovação do afastamento
por suspeita de desvio de verbas
do Fundef (Fundo de Valorização
do Ensino Fundamental).
Capiberibe assinou dois decretos que marcaram sua volta ao comando no Palácio Setentrião.
Desde sábado, o governador estava em Paris representando o país
num encontro ambiental.
A Lei de Diretrizes Orçamentárias aprovada pelos deputados
derruba substitutivo enviado pelo
Executivo que reduzia de 4,8%
para 3,1% os recursos para o Legislativo em 2001. Os deputados
fixaram 5,5% para 2001. Para o
presidente da Assembléia, Fran
Soares Júnior (PMDB), Capiberibe faz uso de um instrumento de
gestão fiscal para "agredir e tentar
aniquilar o Legislativo".
Capiberibe disse que não vai recorrer à Justiça para derrubar a
decisão da Assembléia de afastá-lo. Segundo ele, todo o processo é
inconstitucional.
Fran Júnior havia anunciado
que apresentaria ontem uma fita
com a gravação de uma tentativa
do governador de comprar o
apoio do deputado Jorge Salomão
(PFL). O anúncio foi adiado para
segunda-feira. "É um rosário de
mentiras e cabe a ele provar isso",
disse o governador.
Além da ação do Fundef, a Assembléia Legislativa tem mais
quatro ações engatilhadas para
abrir processo de improbidade
administrativa contra o governador. Uma delas se baseia em denúncia do juiz Constantino Braúna, da 1ª Vara Cível de Macapá,
sobre o suposto desvio de R$ 3
milhões do extinto instituto de
previdência do Estado. Capiberibe afirmou que está entrando
com uma ação contra o juiz.
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