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Governo estimulou avaliação de alunos e ensino
DA SUCURSAL DO RIO
A qualidade da educação no
Brasil ficou estagnada no final da
última década. O país ficou em último lugar numa avaliação feita
em 32 países, e a maioria dos cursos superiores tem nota média
dos alunos no provão inferior a 5
(numa escala de 0 a 10).
Essas más notícias revelam também um mérito do governo,
apontado até por opositores:
nunca a educação brasileira foi
tão avaliada.
Foi no governo FHC que se aferiu pela primeira vez, em grande
escala, os livros didáticos (pelo
Programa Nacional do Livro Didático), os cursos superiores (pelo
provão) e o desempenho dos estudantes brasileiros em comparação com o de alunos de 32 países
desenvolvidos e em desenvolvimento (pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos).
As avaliações passaram também a ter impactos diretos. No caso dos livros didáticos, excluiu
das compras feitas pelo governo
as publicações com avaliação
ruim. No caso do provão, pelo
menos em tese, sucessivos desempenhos ruins no provão e no sistema de avaliação do ensino superior podem fechar um curso.
Entre esses e outros programas
de avaliação, o mais visível e polêmico é o provão, que dá conceitos
aos cursos superiores com base
na nota média dos alunos.
O exame ainda é criticado por
instituições públicas e privadas,
que argumentam que o sistema é
caro e que não responsabiliza o
aluno caso ele não faça a prova
com seriedade. Para o MEC, no
entanto, o provão já está consolidado, tendo que passar apenas
por reformulações, como a inclusão da nota dos alunos no diploma.
Caso o PT vença as eleições, é
provável que ele seja bastante alterado, já que os coordenadores
do programa de educação de Lula
são bastantes críticos com relação
ao exame.
O governo avalia também a
qualidade da educação por meio
do Saeb (Sistema de Avaliação da
Educação Básica), do Enceja
(Exame Nacional de Certificação
de Competências de Jovens e
Adultos) e de censos atualizados
anualmente.
A pesquisadora Fulvia Rosemberg, da Fundação Carlos Chagas
e da PUC-SP, que critica a atuação
do governo na educação infantil,
elogia a modernização do sistema
de estatísticas. "Ocorreu uma fantástica e transparente modernização do sistema."
No entanto, para o sociólogo Simon Schwartzman, ex-presidente
do IBGE, o MEC ainda não conseguiu consolidar uma experiência
de uso adequado dos resultados
das avaliações.
"Isso tem a ver com a incapacidade gerencial do próprio ministério. Ele é capaz de implementar
o provão, mas não consegue fazer
algo mais aprofundado para usar
o resultado como instrumento de
melhoria dos cursos. O mesmo
acontece com as secretarias de Estado. São poucas as que estão
usando, efetivamente, os resultados do Saeb para melhorar as escolas", diz.
Para o sociólogo, o atual governo vai ficar marcado por uma série de iniciativas bem intencionadas. "Ainda não implementamos
um bom sistema de formação de
professores e um tratamento adequado da questão da repetência e
da evasão. Até mesmo o Bolsa Escola, de que tanto se fala, ainda
não apresentou dados que nos
permitam dizer que está realmente mantendo a criança na escola."
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