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Secretária é acusada de reter parte do salário de assessor
DO ENVIADO ESPECIAL A RIBEIRÃO
DA FOLHA RIBEIRÃO
Gravações obtidas com exclusividade pela Folha indicam que a
secretária da Educação de Ribeirão Preto e vereadora licenciada,
Joana Leal Garcia (PT), cobrava
parte do salário de servidores de
seu gabinete, quando era vereadora. A parlamentar, segundo o
conteúdo das gravações, exigia
que pelo menos dois funcionários
do seu gabinete contribuíssem
com uma espécie de caixinha, deixando até dois terços de seus salários mensais para ela.
A cobrança teria ocorrido em
1999, durante o segundo mandato
de Joana como vereadora. Entre
os funcionários supostamente lesados, está a ex-assessora Karim
Bianca da Silva, uma das interlocutoras da gravação.
Na fita, a funcionária, que deixava o cargo (ela foi exonerada
em dezembro de 1999), conversava com Joana e explicava sua intenção de não "contribuir" naquele mês por estar enfrentando
problemas familiares.
De acordo com o diálogo, a ex-assessora recebia R$ 1.500 mensais, mas era obrigada a devolver
R$ 1.000. "Quando a Sílvia [Maria
Silvia Rutigliano Roque, chefe do
gabinete" me chamou para trabalhar aqui, me disse: "Olha, Karim,
o salário é R$ 1.500, [mas" você vai
ficar com R$ 500". Eu aceitei em
cotizar com o gabinete. Eu estava
precisando trabalhar", afirma a
ex-assessora na gravação.
No diálogo, Joana mostra-se insatisfeita com a atitude da funcionária e afirma que o dinheiro seria
utilizado para o pagamento de
outros funcionários. "É que, com
esse acordo, a gente mantinha os
outros [acordos". Agora, os outros [funcionários" não têm direito de receber? E aí, como é que
faz?", diz Joana.
Ainda de acordo com o conteúdo da fita, outra assessora, Helena
Maria Vancim de Azevedo, também teria parte do salário retido
por Joana. Ela contribuiria com
R$ 700 dos R$ 1.500 recebidos.
Outro lado
Joana foi procurada por nove
horas consecutivas -desde a tarde da última sexta-feira até a madrugada de anteontem- e não
foi encontrada. Recados foram
deixados, pessoalmente ou por telefone, na Secretaria da Educação
e em sua casa. A Folha também
deixou recados em seu celular.
O prefeito Antônio Palocci Filho disse ontem que não comentaria o assunto porque não tinha
conhecimento da fita.
Karim, que hoje é conselheira
tutelar, foi procurada pela Folha
na última sexta-feira, mas disse
que não falaria sobre o assunto.
Helena, atual assistente de Joana
na Secretaria da Educação, também não quis dar declarações.
Maria Silvia não foi encontrada
para falar. (ROGÉRIO PAGNAN e CHICO DE GOIS)
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