São Paulo, segunda-feira, 21 de outubro de 2002

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Secretária é acusada de reter parte do salário de assessor

DO ENVIADO ESPECIAL A RIBEIRÃO

DA FOLHA RIBEIRÃO

Gravações obtidas com exclusividade pela Folha indicam que a secretária da Educação de Ribeirão Preto e vereadora licenciada, Joana Leal Garcia (PT), cobrava parte do salário de servidores de seu gabinete, quando era vereadora. A parlamentar, segundo o conteúdo das gravações, exigia que pelo menos dois funcionários do seu gabinete contribuíssem com uma espécie de caixinha, deixando até dois terços de seus salários mensais para ela.
A cobrança teria ocorrido em 1999, durante o segundo mandato de Joana como vereadora. Entre os funcionários supostamente lesados, está a ex-assessora Karim Bianca da Silva, uma das interlocutoras da gravação.
Na fita, a funcionária, que deixava o cargo (ela foi exonerada em dezembro de 1999), conversava com Joana e explicava sua intenção de não "contribuir" naquele mês por estar enfrentando problemas familiares.
De acordo com o diálogo, a ex-assessora recebia R$ 1.500 mensais, mas era obrigada a devolver R$ 1.000. "Quando a Sílvia [Maria Silvia Rutigliano Roque, chefe do gabinete" me chamou para trabalhar aqui, me disse: "Olha, Karim, o salário é R$ 1.500, [mas" você vai ficar com R$ 500". Eu aceitei em cotizar com o gabinete. Eu estava precisando trabalhar", afirma a ex-assessora na gravação.
No diálogo, Joana mostra-se insatisfeita com a atitude da funcionária e afirma que o dinheiro seria utilizado para o pagamento de outros funcionários. "É que, com esse acordo, a gente mantinha os outros [acordos". Agora, os outros [funcionários" não têm direito de receber? E aí, como é que faz?", diz Joana.
Ainda de acordo com o conteúdo da fita, outra assessora, Helena Maria Vancim de Azevedo, também teria parte do salário retido por Joana. Ela contribuiria com R$ 700 dos R$ 1.500 recebidos.

Outro lado
Joana foi procurada por nove horas consecutivas -desde a tarde da última sexta-feira até a madrugada de anteontem- e não foi encontrada. Recados foram deixados, pessoalmente ou por telefone, na Secretaria da Educação e em sua casa. A Folha também deixou recados em seu celular.
O prefeito Antônio Palocci Filho disse ontem que não comentaria o assunto porque não tinha conhecimento da fita.
Karim, que hoje é conselheira tutelar, foi procurada pela Folha na última sexta-feira, mas disse que não falaria sobre o assunto. Helena, atual assistente de Joana na Secretaria da Educação, também não quis dar declarações. Maria Silvia não foi encontrada para falar. (ROGÉRIO PAGNAN e CHICO DE GOIS)


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