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No Ceará, tucano tenta manter o PSDB no poder; petista é obstáculo
Lúcio Alcântara diz que "deixará sua marca"
LÚCIO ALCÂNTARA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Candidato ao governo do Ceará
apoiado por Tasso Jereissati
(PSDB), o senador Lúcio Alcântara (PSDB) vê ameaçada uma vitória considerada certa pelo avanço
do candidato petista José Airton
Cirilo, colado à "onda Lula" no
primeiro turno.
Depois de quase ganhar a eleição no primeiro turno, com
49,79% dos votos válidos, Lúcio
vê José Airton se aproximar de
seus índices de intenção de voto.
Em seu discurso, ele defende a
manutenção do que é "bom", mas
também mudanças, e afirma que
seu governo não será uma cópia
da administração de Tasso. "Vou
imprimir a minha marca", afirma. Leia a seguir trechos da entrevista que concedeu.
(KAMILA FER
NANDES)
Agência Folha - O sr. acha que o
momento eleitoral está parecido
com 1986, quando Tasso, na oposição, surpreendeu ao derrotar o
chamado ""governo dos coronéis"?
Lúcio Alcântara - Não, de maneira nenhuma, inclusive porque a
nossa proposta é preservar as
conquistas que tivemos, mas fazer
coisas novas. Estamos propondo
inovações, inclusive a convocação
da sociedade. Tudo isso configura
que é um novo ciclo. Até porque
eu e o Tasso temos formas diferentes de pensar. Vou imprimir a
minha própria marca de trabalho.
Agência Folha - Uma das críticas
ao governo Tasso é sobre a dificuldade de diálogo. Isso atrapalha a
sua candidatura?
Alcântara - Às pessoas que pensam assim, a minha proposta é a
minha própria história de vida, a
minha conduta de tolerância. Esse déficit, se existe, é superado pela minha história.
Agência Folha - O sr. acha que pode ter alguma dificuldade no caso
de um governo Lula?
Alcântara - Não, nenhuma, porque eu só vou lá tratar de assunto
de interesse do Ceará.
Agência Folha - Agora o sr. tem o
apoio do prefeito Juraci Magalhães
(PMDB), antigo adversário político
de Tasso, e até mesmo do ex-governador Adauto Bezerra (PFL), expoente do chamado coronelismo e
também opositor de Tasso.
Alcântara - No caso do Adauto
Bezerra, ele mesmo declarou que
achava que era o melhor para o
Ceará, independentemente de antagonismos. Não pediu nem cobrou nada. O Juraci está dentro da
lógica do segundo turno, que é
uma reorganização política. Nunca houve barganha.
Agência Folha - Os aliados podem
participar de seu governo?
Alcântara - O critério de escolha
será a competência, não tenho
compromisso com ninguém,
nem com Tasso, que é meu maior
apoiador. Portanto, vou agir com
liberdade, com bom senso.
Agência Folha - Qual seria a sua
primeira medida no governo?
Alcântara - Medidas para colocar em andamento o programa
Ceará Empreendedor, porque é o
que vai gerar mais empregos nas
pequenas e microempresas, e o
emprego é a maior necessidade.
Agência Folha - Qual a sua posição em relação à guerra fiscal? Muitas empresas vieram para o Ceará
por causa dos incentivos.
Alcântara - Como não há uma
política de desenvolvimento regional, e eu censurei permanentemente o governo Fernando Henrique por causa disso, a única forma que os Estados encontraram
para atrair empresas foi o incentivo. Isso tem um limite, chega um
ponto em que o Estado não tem
mais sangue a exaurir, mas vamos
reconhecer: com esse programa,
nos tornamos o maior empregador industrial do Nordeste.
Agência Folha - O sr. vai manter
os incentivos fiscais?
Alcântara - Com restrições. Há
um limite para isso, nós vamos estudar, ver o retorno indireto que
às vezes existe para compensar a
isenção, fazendo bem as contas
para não desequilibrar o Estado
do ponto de vista fiscal. Agora, espero que, qualquer que seja o presidente, tenha realmente uma política de desenvolvimento regional, porque senão nós nunca vamos vencer a diferença entre o
Nordeste e o resto do Brasil.
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