São Paulo, segunda-feira, 21 de outubro de 2002

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No Ceará, tucano tenta manter o PSDB no poder; petista é obstáculo

Lúcio Alcântara diz que "deixará sua marca"

LÚCIO ALCÂNTARA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Candidato ao governo do Ceará apoiado por Tasso Jereissati (PSDB), o senador Lúcio Alcântara (PSDB) vê ameaçada uma vitória considerada certa pelo avanço do candidato petista José Airton Cirilo, colado à "onda Lula" no primeiro turno.
Depois de quase ganhar a eleição no primeiro turno, com 49,79% dos votos válidos, Lúcio vê José Airton se aproximar de seus índices de intenção de voto.
Em seu discurso, ele defende a manutenção do que é "bom", mas também mudanças, e afirma que seu governo não será uma cópia da administração de Tasso. "Vou imprimir a minha marca", afirma. Leia a seguir trechos da entrevista que concedeu. (KAMILA FER NANDES)
 

Agência Folha - O sr. acha que o momento eleitoral está parecido com 1986, quando Tasso, na oposição, surpreendeu ao derrotar o chamado ""governo dos coronéis"?
Lúcio Alcântara -
Não, de maneira nenhuma, inclusive porque a nossa proposta é preservar as conquistas que tivemos, mas fazer coisas novas. Estamos propondo inovações, inclusive a convocação da sociedade. Tudo isso configura que é um novo ciclo. Até porque eu e o Tasso temos formas diferentes de pensar. Vou imprimir a minha própria marca de trabalho.

Agência Folha - Uma das críticas ao governo Tasso é sobre a dificuldade de diálogo. Isso atrapalha a sua candidatura?
Alcântara -
Às pessoas que pensam assim, a minha proposta é a minha própria história de vida, a minha conduta de tolerância. Esse déficit, se existe, é superado pela minha história.

Agência Folha - O sr. acha que pode ter alguma dificuldade no caso de um governo Lula?
Alcântara -
Não, nenhuma, porque eu só vou lá tratar de assunto de interesse do Ceará.

Agência Folha - Agora o sr. tem o apoio do prefeito Juraci Magalhães (PMDB), antigo adversário político de Tasso, e até mesmo do ex-governador Adauto Bezerra (PFL), expoente do chamado coronelismo e também opositor de Tasso.
Alcântara -
No caso do Adauto Bezerra, ele mesmo declarou que achava que era o melhor para o Ceará, independentemente de antagonismos. Não pediu nem cobrou nada. O Juraci está dentro da lógica do segundo turno, que é uma reorganização política. Nunca houve barganha.

Agência Folha - Os aliados podem participar de seu governo?
Alcântara -
O critério de escolha será a competência, não tenho compromisso com ninguém, nem com Tasso, que é meu maior apoiador. Portanto, vou agir com liberdade, com bom senso.

Agência Folha - Qual seria a sua primeira medida no governo?
Alcântara -
Medidas para colocar em andamento o programa Ceará Empreendedor, porque é o que vai gerar mais empregos nas pequenas e microempresas, e o emprego é a maior necessidade.

Agência Folha - Qual a sua posição em relação à guerra fiscal? Muitas empresas vieram para o Ceará por causa dos incentivos.
Alcântara -
Como não há uma política de desenvolvimento regional, e eu censurei permanentemente o governo Fernando Henrique por causa disso, a única forma que os Estados encontraram para atrair empresas foi o incentivo. Isso tem um limite, chega um ponto em que o Estado não tem mais sangue a exaurir, mas vamos reconhecer: com esse programa, nos tornamos o maior empregador industrial do Nordeste.

Agência Folha - O sr. vai manter os incentivos fiscais?
Alcântara -
Com restrições. Há um limite para isso, nós vamos estudar, ver o retorno indireto que às vezes existe para compensar a isenção, fazendo bem as contas para não desequilibrar o Estado do ponto de vista fiscal. Agora, espero que, qualquer que seja o presidente, tenha realmente uma política de desenvolvimento regional, porque senão nós nunca vamos vencer a diferença entre o Nordeste e o resto do Brasil.


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