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José Airton ameaça hegemonia do partido no Estado
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Um nome quase desconhecido
em seu próprio Estado até o começo da campanha eleitoral, José
Airton Cirilo deixa o PT pela primeira vez perto do poder no Ceará e ameaça a hegemonia de Tasso
Jereissati, há 16 anos no governo.
Segundo o Ibope, ele está encostado no candidato de Tasso, Lúcio
Alcântara (PSDB), com 42% das
intenções de voto, contra 47%
-a margem de erro é de 2,5 pontos percentuais.
Vereador em Fortaleza e prefeito por duas vezes da pequena Icapuí, no sertão, o petista enfrenta
na campanha a acusação de ter
ganho uma casa de um empreiteiro. O imóvel, em Icapuí, teria sido
presente da Construtora Costa Lima, que teria prestado serviços à
prefeitura na gestão de Airton.
""É tudo perseguição, minha vida é limpa", defende-se, dizendo
que pela escritura, a casa não em
relação com o empreiteiro.
(KF)
Agência Folha - O sr. sentiu dificuldades dentro do próprio partido
pelo descrédito de uma vitória
frente ao candidato de Tasso?
José Airton Cirilo - No início, havia uma certa descrença, porque a
militância e as nossas lideranças
estão mais envolvidas com os
candidatos proporcionais e tinham dificuldade de acreditar na
nossa vitória. Houve dificuldades
muito grandes, ainda temos dificuldades, mas temos algo que é
extraordinário, que é o sentimento de construir uma sociedade
mais justa e solidária. Estamos
numa nova etapa, vitoriosa.
Agência Folha - Como o sr. se posicionaria num eventual governo
do tucano José Serra? Teria dificuldades?
Cirilo - Esse governo do PSDB
deixou o Estado numa situação
dramática, endividado, fragilizado do ponto de vista social, e só
com o apoio de um projeto nacional poderá superar essas dificuldades. Se, por acaso, uma tragédia
dessas vier a acontecer [Serra vencer", é evidente que nós teríamos
de fazer um esforço maior, mas
nós saberíamos conduzir o Estado, como eu já fiz: fui prefeito na
oposição e nunca tive apoio do
governo do Estado.
Agência Folha - A principal crítica
de seu adversário é que o sr. teria
menos preparo.
Cirilo - Essa é uma forma preconceituosa de querer me desqualificar, mas vamos começar
pelo Tasso: ele nunca foi nem suplente de vereador, foi governador do Ceará e se acha competente. A minha competência já provei
duas vezes quando fui prefeito
num município pobre, miserável,
que tinha 70% de analfabetos,
73% de favelados, zero de saneamento, saúde era artigo de luxo, a
mortalidade era de 150 por mil, e
nós tornamos esse município
exemplo do Ceará.
Agência Folha - No seu programa
de governo, os projetos levam no
nome o "zero", "Fome Zero", "Desemprego Zero". É possível chegar
nesse número?
Cirilo - Isso é um indicativo, uma
proposta simbólica, claro que você não vai atender isso, mas é um
indicativo.
Agência Folha - O sr. conseguiu o
apoio de todos os candidatos de
oposição, PMDB, PDT, PSB. Isso não
pode descaracterizar seu governo?
Cirilo - Não, porque todos sabem
que eu sou um homem com uma
sólida formação socialista, eu tenho, como meu partido, princípios e valores éticos e morais inarredáveis e, principalmente, eu sou
da geração que foi forjada na luta
política pelas liberdades. Todos os
apoios vieram de um compromisso de fazer profundas transformações na realidade do Ceará e nós
não vamos abrir mão de um milímetro desse nosso caminho.
Agência Folha - Qual seria a sua
primeira medida no governo?
Cirilo - Mobilizar a sociedade para debater os problemas e as soluções.
Agência Folha - Como será sua relação com a Assembléia Legislativa, que tem maioria governista?
Cirilo - Vai ser baseada no interesse público, e eu vou dialogar
permanentemente, até porque
nós vamos sempre discutir com a
sociedade antes.
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