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ENERGIA POLÍTICA
Para governo, chance de acordo sobre inspeção em Resende é de 99%
País prevê fim de impasse nuclear
DA SUCURSAL DO RIO
As autoridades brasileiras envolvidas na negociação com a
AIEA (Agência Internacional de
Energia Atômica) avaliam que o
impasse em torno da inspeção
da fábrica do país para enriquecer urânio, em Resende (RJ), está praticamente superado.
Segundo disse uma dessas autoridades à Folha, a possibilidade de acordo é de 99%. Só não é
de 100% porque ponto final na
longa polêmica, que se prolonga
desde abril, cabe à direção da
AIEA, em Viena (AUS), e não
aos seus técnicos que fizeram a
vistoria em Resende anteontem.
Os técnicos, porém, serão os
responsáveis pelo relatório que
embasará a decisão da AIEA. E,
de acordo com autoridades brasileiras, estão convencidos de
que é possível fazer a inspeção
sem ter acesso visual irrestrito
às centrífugas de enriquecimento de urânio. O Brasil não aceita
mostrar as centrífugas por alegar que o modelo desenvolvido
tem avanços que devem ficar
em sigilo, enquanto a agência
busca se certificar de que o país
não use o enriquecimento para
produzir armas nucleares.
Conta a favor do Brasil o fato
de os técnicos que fizeram a vistoria ocuparem cargos de confiança na AIEA. O responsável
pela missão, um sul-africano, é
chefe da seção que concede salvaguardas a instalações nucleares nas Américas do Norte, Central e do Sul. Os nomes dos três
membros não foram revelados.
Segundo a Folha apurou, a solução não envolveu nenhuma
reforma física na fábrica onde
estão as centrífugas, isoladas
por painéis metálicos para impedir a visualização. A mudança
foi de "procedimento", o que
permitiu uma visão maior das
tubulações, válvulas e conexões
ligadas às centrífugas. Não foram fornecidos mais detalhes.
A missão da AIEA deixou o
Brasil ontem. No dia 29, haverá
novo diálogo entre o governo e a
agência.
(GABRIELA WOLTHERS)
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