São Paulo, sexta-feira, 21 de outubro de 2005

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CASO MALUF

Ex-prefeito se emocionou ao saber da liminar ordenando soltura de filho; "e eu?", perguntou a seu advogado

Após 40 dias, Maluf sai calado e mancando

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Após 40 dias na prisão, o ex-prefeito Paulo Maluf deixou a sede da Polícia Federal, às 21h15 de ontem, com barba por fazer, mancando e amparado pelo filho Flávio, que também estava detido. Nenhum dos dois quis dar declarações à imprensa.
Ao chegar em sua casa, no Jardim Europa, em São Paulo, às 21h35, Maluf baixou o vidro do carro e deixou que o fotografassem e filmassem. Não falou, porém, com os repórteres. Ao passar pelo portão e sair do carro, o ex-prefeito e Flávio foram aplaudidos por familiares, amigos e funcionários. Sorrindo, abraçaram e beijaram a todos.
O ex-prefeito e seu filho só foram liberados depois da chegada à PF do alvará de soltura concedido pelo STF (Supremo Tribunal Federal), às 20h25, trazido por seus advogados.
O comunicado da juíza Sílvia Maria Rocha sobre a decisão do STF, que revogou a prisão preventiva, chegou à PF às 18h.
O ex-prefeito recebeu a notícia da liberação de seu filho Flávio quando estava no parlatório, em pé, separado de seus advogados por um vidro. Com lágrima nos olhos, cabelos mais esbranquiçados, a primeira pergunta de Maluf foi se a decisão do STF também se aplicava a ele. "E eu também vou sair?", perguntou.
O advogado Ricardo Tosto, por meio do telefone de comunicação com os presos, pediu para Maluf ter paciência e disse que em poucas horas a autorização deveria ser estendida a ele também. A conversa, de cerca de 15 minutos, foi presenciada por advogados e por agentes da Polícia Federal.
Ao receber a resposta, Maluf voltou para a cela em silêncio. Aguardou por cerca de três horas, quando foi procurado por um agente carcerário que informou que ele também seria solto e que deveria aguardar o comunicado oficial da Justiça.
Maluf e Flávio informaram que iriam deixar para os demais presos todos os seus pertences na cela, como roupas, sapatos e livros.
Pela manhã, Maluf havia recebido a visita dos netos Fabio, Fernando e Isabela, todos filhos de Flávio, que conseguiram autorização judicial para entrar na carceragem. Os três netos continuaram na frente da PF, incógnitos, entre os jornalistas. Por uma orientação dos advogados, eles foram levados por volta das 17h.
Hoje, o ex-prefeito deve fazer exames de saúde no hospital Sírio- Libanês. Assim que terminarem os exames, Maluf deve ir à Justiça Federal assinar um documento em que se compromete a comparecer às sessões judiciais.
Antes de serem soltos, os Maluf tiveram que se submeter aos trâmites normais impostos a qualquer preso. Agentes da polícia checaram no sistema judiciário se não havia outro pedido de prisão por qualquer outro motivo que impedisse a soltura dos Maluf.
Flávio e Maluf pediram para não passar pelo IML (Instituto Médico Legal) para fazer exame de corpo de delito -o procedimento é comum para assegurar que não houve agressão na prisão, mas não é obrigatório.
Jesse Ribeiro, amigo de Maluf, conversou com os jornalistas por volta das 17h30 e reproduziu um comunicado do ex-prefeito: "Maluf está muito debilitado e pediu para falar que não vai dar entrevistas hoje [ontem] porque antes vai tratar de sua saúde, que está debilitada. Depois disso, irá convocar uma entrevista coletiva".


Colaborou MARCELO SALINAS, da Redação

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