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CASO MALUF
Ex-prefeito se emocionou ao saber da liminar ordenando soltura de filho; "e eu?", perguntou a seu advogado
Após 40 dias, Maluf sai calado e mancando
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Após 40 dias na prisão, o ex-prefeito Paulo Maluf deixou a sede da
Polícia Federal, às 21h15 de ontem, com barba por fazer, mancando e amparado pelo filho Flávio, que também estava detido.
Nenhum dos dois quis dar declarações à imprensa.
Ao chegar em sua casa, no Jardim Europa, em São Paulo, às
21h35, Maluf baixou o vidro do
carro e deixou que o fotografassem e filmassem. Não falou, porém, com os repórteres. Ao passar
pelo portão e sair do carro, o ex-prefeito e Flávio foram aplaudidos por familiares, amigos e funcionários. Sorrindo, abraçaram e
beijaram a todos.
O ex-prefeito e seu filho só foram liberados depois da chegada
à PF do alvará de soltura concedido pelo STF (Supremo Tribunal
Federal), às 20h25, trazido por
seus advogados.
O comunicado da juíza Sílvia
Maria Rocha sobre a decisão do
STF, que revogou a prisão preventiva, chegou à PF às 18h.
O ex-prefeito recebeu a notícia
da liberação de seu filho Flávio
quando estava no parlatório, em
pé, separado de seus advogados
por um vidro. Com lágrima nos
olhos, cabelos mais esbranquiçados, a primeira pergunta de Maluf
foi se a decisão do STF também se
aplicava a ele. "E eu também vou
sair?", perguntou.
O advogado Ricardo Tosto, por
meio do telefone de comunicação
com os presos, pediu para Maluf
ter paciência e disse que em poucas horas a autorização deveria
ser estendida a ele também. A
conversa, de cerca de 15 minutos,
foi presenciada por advogados e
por agentes da Polícia Federal.
Ao receber a resposta, Maluf
voltou para a cela em silêncio.
Aguardou por cerca de três horas,
quando foi procurado por um
agente carcerário que informou
que ele também seria solto e que
deveria aguardar o comunicado
oficial da Justiça.
Maluf e Flávio informaram que
iriam deixar para os demais presos todos os seus pertences na cela, como roupas, sapatos e livros.
Pela manhã, Maluf havia recebido a visita dos netos Fabio, Fernando e Isabela, todos filhos de
Flávio, que conseguiram autorização judicial para entrar na carceragem. Os três netos continuaram na frente da PF, incógnitos,
entre os jornalistas. Por uma
orientação dos advogados, eles
foram levados por volta das 17h.
Hoje, o ex-prefeito deve fazer
exames de saúde no hospital Sírio- Libanês. Assim que terminarem os exames, Maluf deve ir à
Justiça Federal assinar um documento em que se compromete a
comparecer às sessões judiciais.
Antes de serem soltos, os Maluf
tiveram que se submeter aos trâmites normais impostos a qualquer preso. Agentes da polícia
checaram no sistema judiciário se
não havia outro pedido de prisão
por qualquer outro motivo que
impedisse a soltura dos Maluf.
Flávio e Maluf pediram para
não passar pelo IML (Instituto
Médico Legal) para fazer exame
de corpo de delito -o procedimento é comum para assegurar
que não houve agressão na prisão,
mas não é obrigatório.
Jesse Ribeiro, amigo de Maluf,
conversou com os jornalistas por
volta das 17h30 e reproduziu um
comunicado do ex-prefeito: "Maluf está muito debilitado e pediu
para falar que não vai dar entrevistas hoje [ontem] porque antes
vai tratar de sua saúde, que está
debilitada. Depois disso, irá convocar uma entrevista coletiva".
Colaborou MARCELO SALINAS, da Redação
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