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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/A HORA DE DIRCEU
Deputado afirma que desde o primeiro dia do governo, não lhe deram "um minuto de trégua"
Fui "marcado para morrer" pela oposição, diz Dirceu
VERA MAGALHÃES
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
O deputado federal José Dirceu
(PT-SP) encara o processo de cassação de seu mandato como o
desfecho de uma estratégia deliberada da oposição para miná-lo
-que, avalia, começou no primeiro dia do governo Lula.
"Desde o primeiro dia de governo não me deram um minuto de
trégua. Eu estava marcado para
morrer", disse ontem durante
conversa informal com jornalistas no cafezinho da Câmara.
Mesmo depois da decisão contrária, por 7 votos a 3, do Supremo Tribunal Federal a seu pedido
de anulação do processo de cassação, Dirceu demonstrava a mesma disposição com que vem se
defendendo das acusações de ter
articulado o esquema de financiamento do PT e de aliados por
meio do chamado "valerioduto".
Segundo ele, o tratamento que
recebia da oposição quando era
ministro era diferente do dispensado aos demais membros da
equipe do presidente Lula. "O caso Waldomiro foi a avant-première", afirmou o petista, se referindo à crise desencadeada pela
divulgação de uma fita, em 2004,
em que o então subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, Waldomiro Diniz, era flagrado em 2002 negociando propina e
pedindo recursos para campanhas do PT com o empresário de
jogos Carlinhos Cachoeira.
"Ali, se vocês se lembrarem, já
teve gente dizendo que eu seria
demitido e depois cassado."
Inconsistências
Dirceu adiou para hoje a entrevista coletiva que havia convocado para rebater cerca de 30 inconsistências que aponta no voto do
relator Júlio Delgado (PSB-MG)
recomendando sua cassação. Segundo ele, o adiamento foi decidido em razão da decisão da Mesa
Diretora da Câmara, que anulou
parte da leitura do voto de Delgado. "Vamos ter mais tempo para
rebater ponto a ponto, cotejar os
depoimentos. Não queria dizer
uma coisa hoje e ter de corrigir ou
complementar depois", disse.
Dirceu demonstrou confiança
na aprovação pela CCJ (Comissão
de Constituição e Justiça) do recurso em que pede a interrupção
do processo pelo fato de o PTB,
autor da representação contra ele,
ter retirado o pedido de cassação.
"O que está em julgamento ali não
é o meu caso, mas a tese. E a tese é
absolutamente defensável."
O petista negou que tenha influenciado na decisão de outros
deputados do partido ameaçados
de cassação não renunciarem.
"Minha participação foi nenhuma; zero. Não tenho participado
de nenhuma articulação política",
afirmou.
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