São Paulo, sexta-feira, 21 de outubro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/A HORA DE DIRCEU

Deputado afirma que desde o primeiro dia do governo, não lhe deram "um minuto de trégua"

Fui "marcado para morrer" pela oposição, diz Dirceu

VERA MAGALHÃES
DO PAINEL, EM BRASÍLIA

O deputado federal José Dirceu (PT-SP) encara o processo de cassação de seu mandato como o desfecho de uma estratégia deliberada da oposição para miná-lo -que, avalia, começou no primeiro dia do governo Lula.
"Desde o primeiro dia de governo não me deram um minuto de trégua. Eu estava marcado para morrer", disse ontem durante conversa informal com jornalistas no cafezinho da Câmara.
Mesmo depois da decisão contrária, por 7 votos a 3, do Supremo Tribunal Federal a seu pedido de anulação do processo de cassação, Dirceu demonstrava a mesma disposição com que vem se defendendo das acusações de ter articulado o esquema de financiamento do PT e de aliados por meio do chamado "valerioduto".
Segundo ele, o tratamento que recebia da oposição quando era ministro era diferente do dispensado aos demais membros da equipe do presidente Lula. "O caso Waldomiro foi a avant-première", afirmou o petista, se referindo à crise desencadeada pela divulgação de uma fita, em 2004, em que o então subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, Waldomiro Diniz, era flagrado em 2002 negociando propina e pedindo recursos para campanhas do PT com o empresário de jogos Carlinhos Cachoeira.
"Ali, se vocês se lembrarem, já teve gente dizendo que eu seria demitido e depois cassado."

Inconsistências
Dirceu adiou para hoje a entrevista coletiva que havia convocado para rebater cerca de 30 inconsistências que aponta no voto do relator Júlio Delgado (PSB-MG) recomendando sua cassação. Segundo ele, o adiamento foi decidido em razão da decisão da Mesa Diretora da Câmara, que anulou parte da leitura do voto de Delgado. "Vamos ter mais tempo para rebater ponto a ponto, cotejar os depoimentos. Não queria dizer uma coisa hoje e ter de corrigir ou complementar depois", disse.
Dirceu demonstrou confiança na aprovação pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do recurso em que pede a interrupção do processo pelo fato de o PTB, autor da representação contra ele, ter retirado o pedido de cassação. "O que está em julgamento ali não é o meu caso, mas a tese. E a tese é absolutamente defensável."
O petista negou que tenha influenciado na decisão de outros deputados do partido ameaçados de cassação não renunciarem. "Minha participação foi nenhuma; zero. Não tenho participado de nenhuma articulação política", afirmou.


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