|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Auditoria aponta gasto irregular de Azeredo
Secretaria examinou as despesas de publicidade no governo tucano, que apresentou irregularidade de R$ 9,97 milhões
Inspeção preliminar do TCE-MG reduziu o valor para R$ 1,5 milhão; a decisão depende de julgamento que será realizado pelo órgão
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Auditorias da Secretaria da
Fazenda de Minas, feitas de
1997 a 2000 e que examinaram
os gastos de publicidade do governo do tucano Eduardo Azeredo (1995-1998), apontaram
despesas irregulares de R$ 9,97
milhões -entre os quais prevalecem pagamentos às agências
SMPB e DNA, de Marcos Valério. O prejuízo ficou em aberto
na contabilidade estatal de
2000 a 2004, quando, já no governo Aécio Neves (PSDB), foi
reduzido a R$ 1,5 milhão, por
conclusão de inspeção do TCE
(Tribunal de Contas do Estado)
de Minas, confirmada pela Auditoria Geral do Estado.
A pendência ainda depende
de julgamento definitivo do
TCE-MG, tribunal que tem entre seus sete conselheiros dois
ex-deputados beneficiados (segundo a Polícia Federal) por recursos do valerioduto tucano,
um ex-líder do PSDB na Assembléia e a mulher de Clésio
Andrade (ex-vice de Aécio e ex-sócio de Valério).
O valerioduto tucano, segundo a PF, foi um esquema operado por Valério, por meio de
suas agências, para ocultar origem e destino de ao menos
R$ 28,5 milhões em recursos
públicos desviados e verbas privadas não-declaradas à Justiça
que financiaram, em 1998, a
campanha à reeleição de Azeredo, hoje senador, e aliados.
Entre as irregularidades
apontadas nas cinco auditorias,
acessadas pela Folha e que não
são citadas no relatório da PF,
estão pagamentos a mais, promoção de autoridade em publicidade estatal, gastos sem empenho (reserva orçamentária) prévio, apresentação de fatura
como comprovante de despesa
(o correto é nota fiscal) e serviços sem comprovação.
Dos cinco servidores responsabilizados nas auditorias pelas
despesas irregulares, estão Álvaro Azeredo, irmão do senador e seu secretário da Casa Civil e Comunicação no governo,
e Denise Landim, tesoureira da
campanha de Azeredo em 1998
e detentora de cargo de confiança no governo Aécio.
Auditorias
A auditoria 320.154.98, de
1998, analisou a propaganda
em 1997 e 1998. Constatou, por
exemplo, cerca de 185 referências positivas a membros do governo -a Constituição veta
promoção de autoridades na
publicidade- em 20 informes
pagos na TV e em jornais.
Exemplo: no suplemento pago "Educar Minas", publicado
em abril de 1998, há menção ao
então vice-governador e atual
ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares
Guia (PTB).
Diz o informe: "[...] essa revolução [na educação], que teve
seus primeiros movimentos
ainda no governo Hélio Garcia
[1991-1994], quando o secretário da Educação era o atual vice-governador Walfrido dos
Mares Guia, tomou no atual governo um impulso inédito".
A revisão das auditorias pelo
TCE dá baixa no R$ 1,7 milhão
de despesas apontadas como irregulares por promoverem políticos. Diz que as referências
"não buscaram a elevação de
seus méritos e virtudes".
Julgamento
O buraco na publicidade do
governo Azeredo virou o processo administrativo 690.709
do TCE, ainda sem julgamento.
O presidente e o vice do tribunal -Elmo Braz e Wanderley Ávila- eram candidatos a
deputado estadual em 1998
(por PSDB e PP) e confirmaram à PF ter recebido dinheiro
(R$ 21 mil e R$ 6.000, respectivamente) do valerioduto. Ávila
é o relator do processo.
A Superintendência de Imprensa do governo Aécio informou que a expectativa é que as
despesas irregulares de publicidade de Azeredo sejam julgadas
normais, pois justificativas do
Estado para os gastos já estão
em análise pelo TCE.
Texto Anterior: Após mensalão, clima segue tenso no STF Próximo Texto: Ex-governador de MG diz que gestão era autônoma Índice
|