São Paulo, Domingo, 21 de Novembro de 1999
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Deputado acredita em cisão do partido

da Reportagem Local

Integrante de uma das correntes mais moderadas do PT, a Democracia Radical, o deputado federal Eduardo Jorge (SP) é hoje uma voz solitária dentro do partido.
Ele acha que o caminho para o PT é se dividir em duas legendas, como aconteceu com o PCI (Partido Comunista Italiano).
Na Itália, os comunistas se reagruparam em duas siglas: o PDS (Partito della Sinistra), de centro-esquerda, e o Rifondazione Comunista, de orientação marxista-leninista. Para Jorge, atualmente o PT não pode ser uma legenda que abriga correntes dos mais diversos espectros ideológicos.
"Na época da resistência à ditadura militar, não havia problemas em ter muitas tendências. Mas, agora, o PT é um partido que quer governar. Fica complicado. O eleitor vota sem saber se está escolhendo uma legenda socialista-democrática ou marxista-leninista", argumenta Jorge.
Suspenso da bancada petista na Câmara por 30 dias porque votou contra a orientação do partido em algumas matérias, o deputado também defende que o PT faça alianças mais amplas em 2000 e 2002, incluindo até o PSDB.
"Estou sozinho. Até o Genoino me abandonou", brinca. O líder do PT na Câmara, José Genoino (SP), é da mesma corrente que Jorge e condenou a atitude do colega de aceitar conversar com o governo sobre Previdência Social.
"Eu não o deixei, ele é que abandonou a bancada", rebate Genoino, um dos políticos mais moderados do PT que está mudando sutilmente seu perfil.
Nos últimos meses, ele tem defendido posições mais à radicais, sobretudo no que se refere à postura da legenda em relação ao governo FHC -por exemplo, coordenou o boicote petista à reunião de governadores com o presidente em outubro.
Cotado para ser candidato à Presidência caso Luiz Inácio Lula da Silva não queira, ele estaria fazendo esse movimento para ter maior aceitação entre os radicais petistas. Essa é a avaliação de algumas lideranças do PT.
Genoino nega. "A minha pretensão principal é disputar o governo de São Paulo. Vou para o congresso do PT para unificar o partido. Quero conviver com a esquerda petista." (PA)


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