|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRISE
Sem dinheiro para pagar salários e com a polícia fora das ruas, governador requisita ajuda ao governo federal
Buaiz ameaça pedir intervenção no ES
LUIZ ANTÔNIO RYFF
enviado especial a Vitória
Sem pagar o salário do funcionalismo há quatro meses e com o efetivo da PM aquartelado, o governador do Espírito Santo, Vitor
Buaiz (PV), ameaça pedir intervenção federal se não conseguir
verbas do governo federal para pagar o funcionalismo.
"Se a polícia continuar aquartelada e a coisa começar a perder o
controle, vou ter que chamar tropas federais", afirmou Buaiz, que
disse já ter conversado com o ministro da Justiça, Renan Calheiros,
sobre o assunto.
Na terça-feira, o funcionalismo
público estadual entra em greve
geral. Buaiz classifica a situação financeira do Estado como pré-falimentar e reclama que há 40 dias
tenta, sem sucesso, falar com o
presidente Fernando Henrique
Cardoso sobre o assunto.
O porta-voz-adjunto da Presidência, Georges Lamazière, afirmou ontem que o governo federal
apoiou o Estado, mas que, "infelizmente, o governador Vitor Buaiz
não teve as condições políticas necessárias para proceder o saneamento das contas".
"Caberá ao novo governador (José Ignácio, do PSDB) enfrentar o
problema", afirmou Lamazière,
em resposta à carta aberta a FHC
sobre a crise que Buaiz publicou
em jornais ontem.
O porta-voz confirmou o pedido
de audiência, mas disse que, quando o encontro foi marcado pelo
Palácio do Planalto, no último dia
10, Buaiz afirmou estar doente e
enviou representantes.
Anteontem, acompanhado do
presidente da Assembléia Legislativa, José Carlos Gratz, e do presidente do Tribunal de Justiça, Wellington da Costa Citty, Buaiz foi a
Brasília tentar se encontrar com o
presidente.
Os três só conseguiram se encontrar com o secretário-executivo do
ministério da Fazenda, Pedro Parente. Pediram a liberação de R$
115 milhões, que, segundo Buaiz, o
governo deve ao Espírito Santo.
"Parente disse que esse dinheiro
ia demorar a chegar porque dependia de uma tramitação burocrática", relatou Buaiz. "Isso é uma
decisão política", reclamou.
A folha salarial é de cerca de R$
90 milhões -quase 90% da receita. E há 45 mil pessoas com salários
atrasados, incluindo pensionistas
e aposentados.
O governador acena com o pagamento dos salários de julho e agosto. Mas, para isso, ele precisa contar com o repasse da venda da carteira de crédito da Cohab-ES
(Companhia Habitacional do Espírito Santo), acertada anteontem
com a Caixa Econômica Federal
por R$ 48 milhões.
Mesmo assim, a greve está mantida, segundo o Sisead (Sindicato
dos Servidores Públicos da Administração Direta).
O Ministério Público e a Procuradoria Geral da República pretendem entrar, no início da próxima
semana, com uma ação civil pública contra a União por "ruptura do
pacto federativo". Até a semana
passada, o Legislativo e o Judiciário estavam com os salários em
dia.
˛
Aquartelamento
Ontem, os policiais em Vitória ficaram dentro dos quartéis fazendo
serviços de rotina ou mesmo jogando cartas.
O secretário de Segurança Pública, Adão Rosa, fez um apelo aos
policiais que voltem ao trabalho
neste final de semana, mas não
surtiu efeito.
Segundo o presidente da Associação de Cabos e Soldados do Estado, cabo Messias da Silva, a situação não se altera até haver uma
proposta concreta do governo.
Rosa só conseguiu, após uma
reunião no final da tarde, convencer os delegados de polícia a não
aderir à greve geral na terça.
Ontem, a Associação Comercial
do Espírito Santo disse que pretende distribuir, nos próximos três
meses, 21 mil cestas básicas para as
famílias dos 8.000 PMs.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|