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FHC PAZ E AMOR
Na inauguração da rodovia do Pacífico, petistas elogiam presidente, que retribui gentilezas
"Lua-de-mel" da transição chega ao Acre
LUIZ CAVERSAN
LEILA SUWWAN
ENVIADOS ESPECIAIS AO ACRE
O clima de "paz e amor" da
transição chegou à Amazônia,
mais precisamente ao Acre, onde o presidente Fernando Henrique Cardoso inaugurou ontem em Assis Brasil (AC) a rodovia
do Pacífico, que ligará o Brasil
àquele oceano quando o trecho
peruano da estrada ficar pronto.
A estrada é obra conjunta dos
governos federal e estadual. A
inauguração contou com a presença do chanceler da Bolívia,
Carlos Saavedra, e do presidente
do Peru, Alejandro Toledo.
Apesar de ter chegado com
mais de uma hora de atraso ao
evento, FHC encerrou seu discurso às pressas devido a uma
tempestade, que dispersou as
5.000 pessoas presentes. O público aguardou cerca de três horas sob calor de 39C. Na espera, algumas pessoas desmaiaram.
FHC foi recebido no aeroporto
de Rio Branco pelo governador
Jorge Viana e pela senadora e futura ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ambos do PT.
Houve troca de gentilezas.
O presidente disse estar ali por
causa de um trabalho "feliz", a
realização da estrada, "um trabalho de um governo que é de
um partido e de outro governo
que é de outro partido, mas juntos pelo povo, sobretudo pela integração do Acre ao Brasil e do
Brasil à América do Sul".
Ele elogiou Marina Silva: "Eu
tenho muita admiração pelo trabalho que é feito aqui pelo pessoal da Marina, pelo pessoal do Chico Mendes [morto em 88] na
questão da preservação ambiental. Eu acho que o Acre está dando uma demonstração de que podemos aproveitar economicamente a floresta sem destruí-la e dar condições de sobrevivência às pessoas e à natureza".
De sua parte, Jorge Viana, reeleito neste ano, tentou desfazer o
mal-estar criado por declarações
suas de semanas atrás, segundo
as quais o clima de "lua-de-mel"
na transição acabaria logo.
"Eu falei que iria haver desencontro de opiniões entre quem
está entrando e quem está saindo. Isso é absolutamente normal. O que nós temos hoje é um
exemplo: há 42 anos o Brasil não
presenciava um presidente eleito cumprir seu mandato plenamente e passar a faixa para um
outro presidente eleito". E acrescentou: "O Brasil está mostrando que a democracia é boa".
Viana dedicou boa parte de
seu discurso para lembrar "o
empenho pessoal" de FHC com
projetos no Acre: "Não seria justo deixá-lo de fora e não homenageá-lo nesta inauguração".
De Alejandro Toledo, FHC ouviu a garantia de que seus projetos na região serão terminados e
disse que prometeu ao "amigo"
Lula completar o trecho peruano da estrada. O chanceler boliviano, Carlos Saavedra, também
o elogiou: "Apesar de não sermos brasileiros, sentimos um
enorme orgulho de ter um presidente do seu tamanho".
FHC evitou falar sobre a relação PT-PMDB e se negou a dar
conselhos a Lula: "Você acha
que a esta altura da vida eu vou
dar recomendação ao presidente
eleito? Ele sabe o que fazer".
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