São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 2002

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FHC PAZ E AMOR

Na inauguração da rodovia do Pacífico, petistas elogiam presidente, que retribui gentilezas

"Lua-de-mel" da transição chega ao Acre

LUIZ CAVERSAN
LEILA SUWWAN
ENVIADOS ESPECIAIS AO ACRE

O clima de "paz e amor" da transição chegou à Amazônia, mais precisamente ao Acre, onde o presidente Fernando Henrique Cardoso inaugurou ontem em Assis Brasil (AC) a rodovia do Pacífico, que ligará o Brasil àquele oceano quando o trecho peruano da estrada ficar pronto.
A estrada é obra conjunta dos governos federal e estadual. A inauguração contou com a presença do chanceler da Bolívia, Carlos Saavedra, e do presidente do Peru, Alejandro Toledo.
Apesar de ter chegado com mais de uma hora de atraso ao evento, FHC encerrou seu discurso às pressas devido a uma tempestade, que dispersou as 5.000 pessoas presentes. O público aguardou cerca de três horas sob calor de 39C. Na espera, algumas pessoas desmaiaram.
FHC foi recebido no aeroporto de Rio Branco pelo governador Jorge Viana e pela senadora e futura ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ambos do PT. Houve troca de gentilezas.
O presidente disse estar ali por causa de um trabalho "feliz", a realização da estrada, "um trabalho de um governo que é de um partido e de outro governo que é de outro partido, mas juntos pelo povo, sobretudo pela integração do Acre ao Brasil e do Brasil à América do Sul".
Ele elogiou Marina Silva: "Eu tenho muita admiração pelo trabalho que é feito aqui pelo pessoal da Marina, pelo pessoal do Chico Mendes [morto em 88] na questão da preservação ambiental. Eu acho que o Acre está dando uma demonstração de que podemos aproveitar economicamente a floresta sem destruí-la e dar condições de sobrevivência às pessoas e à natureza".
De sua parte, Jorge Viana, reeleito neste ano, tentou desfazer o mal-estar criado por declarações suas de semanas atrás, segundo as quais o clima de "lua-de-mel" na transição acabaria logo.
"Eu falei que iria haver desencontro de opiniões entre quem está entrando e quem está saindo. Isso é absolutamente normal. O que nós temos hoje é um exemplo: há 42 anos o Brasil não presenciava um presidente eleito cumprir seu mandato plenamente e passar a faixa para um outro presidente eleito". E acrescentou: "O Brasil está mostrando que a democracia é boa".
Viana dedicou boa parte de seu discurso para lembrar "o empenho pessoal" de FHC com projetos no Acre: "Não seria justo deixá-lo de fora e não homenageá-lo nesta inauguração".
De Alejandro Toledo, FHC ouviu a garantia de que seus projetos na região serão terminados e disse que prometeu ao "amigo" Lula completar o trecho peruano da estrada. O chanceler boliviano, Carlos Saavedra, também o elogiou: "Apesar de não sermos brasileiros, sentimos um enorme orgulho de ter um presidente do seu tamanho".
FHC evitou falar sobre a relação PT-PMDB e se negou a dar conselhos a Lula: "Você acha que a esta altura da vida eu vou dar recomendação ao presidente eleito? Ele sabe o que fazer".


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