São Paulo, sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

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Obra da eclusa começou no regime militar

DA REDAÇÃO

Iniciada em 1976 e inaugurada em 1984, a usina hidrelétrica de Tucuruí criou um desnível de 75 metros de altura no rio Tocantins -que impede a navegação entre Belém e o sul do Pará.
Para resolver esse problema, a Eletronorte planejou a construção de duas grandes eclusas, cada uma delas vencendo metade do desnível total, interligadas por um canal de 5,5 km de extensão. Quando forem concluídas, elas serão as maiores eclusas do mundo, levando em conta o desnível superado.
As obras das duas eclusas começaram já em 1981, quando a hidrelétrica ainda estava sendo construída pela Camargo Corrêa. Após a inauguração da usina, porém, o ritmo dos trabalhos diminuiu e as obras foram paralisadas em 1989.
Em 1998, no governo Fernando Henrique Cardoso, o Ministério dos Transportes assinou um termo aditivo com a Camargo Corrêa para concluir as eclusas, a um custo de R$ 230,6 milhões.
Questionadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União), que apontava indícios de irregularidades no contrato, as obras, porém, só foram retomadas em 2004, no governo Lula, que prometia inaugurá-las até 2006.
"Quero dizer, aqui neste microfone, para os companheiros do Estado do Pará, que, se Deus quiser, antes de terminar o meu mandato, estarei de volta nesta região para que a gente possa inaugurar a conclusão da tão sonhada eclusa que o povo do Pará tanto espera" -disse Lula em 25 de novembro de 2004.
O projeto foi incluído no PPI (Projeto Piloto de Investimentos), uma lista de obras com dinheiro livre das restrições fiscais do governo, negociada com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
A Camargo Corrêa, porém, discordou do cálculo do valor da obra feito na época -R$ 350 milhões-, o que paralisou os trabalhos até o governo aceitar uma reavaliação dos custos -que subiram para R$ 620 milhões até 2010.
A retomada da obra, porém, provocou protestos de lavradores locais, que tiveram as terras desapropriadas para a construção da usina e das eclusas. As invasões e os protestos promovidos pelo MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) se intensificaram a partir de 2005 e prosseguem até hoje.
No ano passado, a obra voltou a ganhar destaque após a deflagração da Operação Castelo de Areia, pela Polícia Federal, em março de 2009. A investigação revelou indícios de que a Camargo Corrêa pagou propinas para membros do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), da Eletronorte e do próprio TCU. A construtora nega ter feito qualquer pagamento para os funcionários.


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