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Obra da eclusa começou no regime militar
DA REDAÇÃO
Iniciada em 1976 e inaugurada em 1984, a usina hidrelétrica de Tucuruí criou um
desnível de 75 metros de altura no rio Tocantins -que
impede a navegação entre
Belém e o sul do Pará.
Para resolver esse problema, a Eletronorte planejou a
construção de duas grandes
eclusas, cada uma delas vencendo metade do desnível total, interligadas por um canal
de 5,5 km de extensão. Quando forem concluídas, elas serão as maiores eclusas do
mundo, levando em conta o
desnível superado.
As obras das duas eclusas
começaram já em 1981,
quando a hidrelétrica ainda
estava sendo construída pela
Camargo Corrêa. Após a
inauguração da usina, porém, o ritmo dos trabalhos
diminuiu e as obras foram
paralisadas em 1989.
Em 1998, no governo Fernando Henrique Cardoso, o
Ministério dos Transportes
assinou um termo aditivo
com a Camargo Corrêa para
concluir as eclusas, a um custo de R$ 230,6 milhões.
Questionadas pelo TCU
(Tribunal de Contas da
União), que apontava indícios de irregularidades no
contrato, as obras, porém, só
foram retomadas em 2004,
no governo Lula, que prometia inaugurá-las até 2006.
"Quero dizer, aqui neste
microfone, para os companheiros do Estado do Pará,
que, se Deus quiser, antes de
terminar o meu mandato, estarei de volta nesta região para que a gente possa inaugurar a conclusão da tão sonhada eclusa que o povo do Pará
tanto espera" -disse Lula
em 25 de novembro de 2004.
O projeto foi incluído no
PPI (Projeto Piloto de Investimentos), uma lista de obras
com dinheiro livre das restrições fiscais do governo, negociada com o FMI (Fundo
Monetário Internacional).
A Camargo Corrêa, porém,
discordou do cálculo do valor
da obra feito na época -R$
350 milhões-, o que paralisou os trabalhos até o governo aceitar uma reavaliação
dos custos -que subiram para R$ 620 milhões até 2010.
A retomada da obra, porém, provocou protestos de
lavradores locais, que tiveram as terras desapropriadas
para a construção da usina e
das eclusas. As invasões e os
protestos promovidos pelo
MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) se intensificaram a partir de 2005
e prosseguem até hoje.
No ano passado, a obra voltou a ganhar destaque após a
deflagração da Operação
Castelo de Areia, pela Polícia
Federal, em março de 2009.
A investigação revelou indícios de que a Camargo Corrêa pagou propinas para
membros do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), da
Eletronorte e do próprio
TCU. A construtora nega ter
feito qualquer pagamento
para os funcionários.
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