|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DOMINGUEIRA
Confete e Futebol
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
Editor de Domingo
O tédio carnavalesco abate-se sobre o país fantasiado
de alegria. As mesmas peruas,
as mesmas imagens, o mesmo
bumbo. Enquanto na Bahia a
Tropicália entra no ritmo da
bunda music, no Rio espera-se
que a Mangueira e Chico
Buarque salvem a festa.
Num ano de Copa do Mundo e eleição, bem que Momo
poderia ter saído de fininho.
Copa do
Mundo é o
próximo
assunto da
agenda nacional. E
ao que parece a confusão continua imperando no
mundo da
bola. O
grande debate do
momento é
se Zagallo
deve ou
não ter um
auxiliar técnico. Bocejo.
Houve uma grande histeria
na imprensa esportiva diante
dos resultados do Brasil na
Copa Ouro. De fato, foi ridículo, numa competição dispensável. Não parece ser o caso,
porém, de tomar aqueles jogos
como exemplo para crucificar
Zagallo. Foi um time reunido
às pressas, com jogadores ainda em início de temporada,
muitos sem a menor chance
de ir à Copa do Mundo.
As rivalidades entre modernizadores e conservadores
acabam provocando distorções. Os primeiros aproveitam
qualquer fiasco para atacar os
segundos, que usam qualquer
triunfo para defender seus
métodos.
Da mesma forma que as vitórias internacionais do futebol brasileiro não comprovam
um gerenciamento inteligente
do esporte, maus resultados
como esses da Copa Ouro não
podem ser absolutizados, como prova cabal da incompetência do técnico e da CBF.
Agora, que Zagallo está bobeando, é certo. Deveria ter
levado
Giovanni e
Amoroso
para essa
Copa Ouro,
já deveria
ter testado
Marcelinho -é
inexplicável que o
jogador do
Corinthians não
tenha tido
oportunidade numa
seleção que
envolveu
mais de cem jogadores sem resolver o problema da meia-direita- e já deveria definido
seu esquema de jogo.
Há quem acredite que discutir
futebol é uma empobrecedora
perda de tempo. Não creio.
Quem acompanha o jogo sabe
que ele encerra uma infinidade de possibilidades. A todo
instante pode-se raciocinar
abstratamente, em torno de
modelos, observar os resultados práticos, retornar ao modelo, modificá-lo ou confirmá-lo. É um jogo de táticas,
estratégias, talento individual, articulação coletiva, que
reserva sempre espaço para
aquilo que faz a vida ser interessante: o imponderável.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|