São Paulo, Segunda-feira, 22 de Fevereiro de 1999
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RONDÔNIA
Ele aponta perseguição política
Promotoria acusa deputado de desvio

RUBENS VALENTE
da Agência Folha, em Campo Grande

O deputado estadual reeleito Marcos Antônio Donadon (PSC-RO), ex-presidente da Assembléia Legislativa de Rondônia, é acusado pelo Ministério Público Estadual de apropriar-se de dinheiro público do Legislativo.
Segundo a denúncia do Ministério Público, acatada pelo Tribunal de Justiça, Donadon empregou cerca de 50 pessoas que, na verdade, recebiam apenas uma fração do que constava na folha de pagamento.
O restante dos salários ia parar numa conta do Banco Real em nome do servidor da Assembléia Celso Carneiro Gomes, um comerciante de Colorado d'Oeste (750 km de Porto Velho), e também movimentada por seu procurador e funcionário da Assembléia Antônio César Segantini.
Procurado por telefone desde a última sexta-feira pela Agência Folha, Donadon não havia sido localizado até ontem.
À imprensa de Rondônia, ele tem dito, desde o início das investigações, que considera estar sendo vítima de uma "perseguição política".
O procurador-geral de Justiça em exercício, José Carlos Vitachi, autor da denúncia, apurou, por meio dos extratos bancários obtidos com a quebra de sigilo autorizada judicialmente, que a conta de Celso Gomes recebeu R$ 3,49 milhões da Assembléia de Rondônia apenas no ano passado.
Donadon foi presidente da Mesa Diretora da Assembléia nos biênios 95/96 e 97/98 e conseguiu reeleger-se deputado estadual no ano passado.
O Tribunal de Justiça solicitou aos deputados estaduais a autorização para suspender a imunidade parlamentar do deputado e dar início ao processo judicial.
A atual legislatura começa nesta semana em Porto Velho, quando o pedido do Tribunal já poderá ser analisado e votado pelos deputados estaduais.
Os procuradores de Justiça começaram a levantar o escândalo no início do ano, quando, mediante ordem judicial de busca e apreensão e acompanhados pela Polícia Civil, puderam entrar no setor administrativo da Assembléia e colher vários documentos sobre depósitos bancários em contas de funcionários.
A diligência decorria de uma denúncia de um funcionário da Assembléia, dando conta de que parte de salários de funcionários da Casa estava sendo passada para a conta de Gomes. O Ministério Público já investigava há mais de três anos a existência de possíveis funcionários "fantasmas".
Os primeiros documentos obtidos a respeito da conta de Gomes imediatamente chamaram a atenção dos procuradores. Em um único dia, 23 de setembro de 98, ela recebeu 15 depósitos, totalizando R$ 225 mil, sendo um deles, uma transferência interbancária de R$ 45,3 mil, diretamente indicado como "crédito-salário". O dinheiro era, na verdade, proveniente de outras 50 contas.


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