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RONDÔNIA
Ele aponta perseguição política
Promotoria acusa deputado de desvio
RUBENS VALENTE
da Agência Folha, em Campo Grande
O deputado estadual reeleito
Marcos Antônio Donadon (PSC-RO), ex-presidente da Assembléia
Legislativa de Rondônia, é acusado
pelo Ministério Público Estadual
de apropriar-se de dinheiro público do Legislativo.
Segundo a denúncia do Ministério Público, acatada pelo Tribunal
de Justiça, Donadon empregou
cerca de 50 pessoas que, na verdade, recebiam apenas uma fração
do que constava na folha de pagamento.
O restante dos salários ia parar
numa conta do Banco Real em nome do servidor da Assembléia Celso Carneiro Gomes, um comerciante de Colorado d'Oeste (750
km de Porto Velho), e também
movimentada por seu procurador
e funcionário da Assembléia Antônio César Segantini.
Procurado por telefone desde a
última sexta-feira pela Agência Folha, Donadon não havia sido localizado até ontem.
À imprensa de Rondônia, ele
tem dito, desde o início das investigações, que considera estar sendo vítima de uma "perseguição
política".
O procurador-geral de Justiça
em exercício, José Carlos Vitachi,
autor da denúncia, apurou, por
meio dos extratos bancários obtidos com a quebra de sigilo autorizada judicialmente, que a conta de
Celso Gomes recebeu R$ 3,49 milhões da Assembléia de Rondônia
apenas no ano passado.
Donadon foi presidente da Mesa
Diretora da Assembléia nos biênios 95/96 e 97/98 e conseguiu reeleger-se deputado estadual no ano
passado.
O Tribunal de Justiça solicitou
aos deputados estaduais a autorização para suspender a imunidade
parlamentar do deputado e dar
início ao processo judicial.
A atual legislatura começa nesta
semana em Porto Velho, quando o
pedido do Tribunal já poderá ser
analisado e votado pelos deputados estaduais.
Os procuradores de Justiça começaram a levantar o escândalo
no início do ano, quando, mediante ordem judicial de busca e
apreensão e acompanhados pela
Polícia Civil, puderam entrar no
setor administrativo da Assembléia e colher vários documentos
sobre depósitos bancários em contas de funcionários.
A diligência decorria de uma denúncia de um funcionário da Assembléia, dando conta de que parte de salários de funcionários da
Casa estava sendo passada para a
conta de Gomes. O Ministério Público já investigava há mais de três
anos a existência de possíveis funcionários "fantasmas".
Os primeiros documentos obtidos a respeito da conta de Gomes
imediatamente chamaram a atenção dos procuradores. Em um único dia, 23 de setembro de 98, ela recebeu 15 depósitos, totalizando R$
225 mil, sendo um deles, uma
transferência interbancária de R$
45,3 mil, diretamente indicado como "crédito-salário". O dinheiro
era, na verdade, proveniente de
outras 50 contas.
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