São Paulo, segunda-feira, 22 de março de 2004

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Empresa diz que foi a Waldomiro durante transição

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma "grande dificuldade" em conhecer a equipe de transição de governo do PT (outubro a dezembro de 2002) serviu como o principal motivo de aproximação entre executivos da GTech e Waldomiro Diniz, ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil flagrado em vídeo de 2002 pedindo propina a um empresário do ramo de jogos.
Segundo a Folha apurou, essa foi a explicação dada por Antonio Carlos Lino Rocha, ex-presidente da GTech, e Marcelo Rovai, diretor de marketing da empresa, à Polícia Federal, ao Ministério Público Federal e a membros da comissão de sindicância do Planalto que investiga a atuação de Waldomiro no governo federal.
Os três meses de atuação da equipe de transição do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva coincidiram com a fase mais agressiva de negociação entre a Caixa Econômica Federal e a GTech. Em pauta estava a renovação do contrato com a multinacional para a operação do sistema lotérico.
Durante cerca de três meses, integrantes do então governo Fernando Henrique Cardoso e petistas compartilharam o funcionamento dos ministérios e autarquias.
No caso dos diálogos entre Caixa e GTech, porém, não houve acompanhamento dos futuros responsáveis. Por diversas vezes, a atual diretoria da Caixa negou conhecer a renegociação durante o período de transição.
Os executivos da GTech dizem que tentaram conversar com os petistas, apresentar a empresa e seus propósitos, mas não conseguiram. Nos depoimentos, não descem a detalhes, mas a Folha apurou que eles tentaram agendar encontros por mais de uma vez, sem sucesso.
Na avaliação de Rovai e Lino Rocha, isso criou expectativa sobre a postura que o futuro governo adotaria em relação ao contrato. Por isso, quando o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, propôs, em janeiro de 2003, um encontro com um representante da Casa Civil, os executivos não apresentaram objeção.
É para Cachoeira que Waldomiro pede propina de 1% em vídeo divulgado em fevereiro. Os dois se conheciam desde a gestão do ex-assessor do Planalto na Loterj (Loterias do Estado do Rio).
(IURI DANTAS)


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