São Paulo, segunda-feira, 22 de março de 2004

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Comissão decide hoje se finalizará relatório

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A comissão de sindicância que investiga as atividades do ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência da República Waldomiro Diniz decide hoje se termina ou se pede prorrogação de prazo para fechar o relatório com a conclusão de seus trabalhos.
Ontem, os três integrantes da comissão -Amarildo Baesso, Edimar Fernando de Oliveira e Fernando Luiz Albuquerque Faria- trabalharam no Palácio do Planalto na análise de informações colhidas desde 20 de fevereiro, data da instalação do grupo.
Segundo Baesso, presidente da comissão, ainda há "pendências para avaliar melhor", antes de se decidir pela conclusão ou prorrogação da investigação.
A matéria-prima de trabalho da comissão se compõe de depoimentos, da agenda do ex-assessor e do extrato telefônico dos ramais que ele utilizava quando ainda despachava da Casa Civil.
A comissão também ouviu Antonio Carlos da Rocha Lino e Marcelo Rovai, respectivamente ex-presidente e diretor de marketing da GTech do Brasil. Mediante um contrato com a Caixa Econômica Federal, a empresa opera o sistema de loterias do Brasil.
Na época das negociações para a renovação desse contrato, em março de 2003, Waldomiro, conforme depoimento de Rocha, teria informado que "uma pessoa influente no processo de renovação do contrato" iria procurá-lo "com o objetivo de ser contratada para permitir a concretização do negócio".
A pessoa influente seria Rogério Buratti, que foi secretário de Governo de Ribeirão Preto em 1994, durante a primeira gestão do hoje ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) na prefeitura.
O então secretário deixou o cargo, a pedido, depois que a Folha tornou pública uma gravação, feita por ele mesmo, na qual discute com um empreiteiro a distribuição de obras públicas.
Palocci afirma que, desde então, não tem tido mais relações pessoais nem profissionais com Buratti, mas que, no período, houve encontros sociais.
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse que, seguindo a "orientação de apurar tudo", dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é provável que a PF desmembre o inquérito principal, que apura supostos atos ilícitos cometidos por Waldomiro, das investigações sobre Buratti, sobre o contrato firmado com a GTech e sobre "o que mais aparecer, se aparecer".
"Eu imagino isso como cenário: um inquérito principal e novos inquéritos para apurar eventuais delitos que surgirem. Mas essa é uma decisão da PF", disse Bastos.


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