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MÍDIA
Para tentar melhorar popularidade, presidente inicia ofensiva na mídia; em entrevista, prometeu desenvolvimento a partir de junho
A Ratinho, Lula diz que adubou e vai colher
DANIEL CASTRO
COLUNISTA DA FOLHA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva iniciou ontem em Brasília
-no feriado de Tiradentes-
uma ofensiva nos meios de comunicação a fim de tentar reverter a
crise política e a queda de popularidade do seu governo.
Ontem à tarde, ele recebeu na
Granja do Torto o apresentador
Carlos Massa, o Ratinho, a quem
afirmou que fazer greve contra o
governo é "inútil" e prometeu que
começará a "colher em junho o
que plantou", numa reedição
agrária da promessa de espetáculo do crescimento, previsto para
julho do ano passado.
O encontro -uma entrevista-churrasco- durou cerca de cinco
horas, das 11h às 16h e foi registrado por seis câmeras do SBT. O
material -foram três horas só de
gravação-deverá ir ao ar em um
programa especial no 30 de abril.
Pela manhã, em gravação especial do seu "Café com o Presidente", programa quinzenal veiculado em rede de rádio, anunciou
medidas antigas que até hoje não
saíram do papel, como o "Farmácia Popular" e crédito a juros baixos para aposentados.
O presidente também tem agendada para a semana que vem participação no "Programa do Jô", de
Jô Soares, da Globo. A Folha apurou que os convites das emissoras
a Lula vêm desde o início do ano,
mas só agora, com o arrefecimento do caso Waldomiro Diniz, sentiu-se à vontade para aceitá-los.
No caso do Ratinho, a assessoria
disse que Lula atendeu a um convite de um "amigo". A ofensiva na
mídia ocorre num momento em
que o governo enfrenta uma série
de greves no funcionalismo, onda
de invasões do MST e cobranças
por um salário-mínimo maior.
Participação especial
A entrevista de Ratinho com o
presidente teve a "participação especial" da dupla sertaneja Bruno e
Marrone, que cantou para e com
o presidente. A princípio, o encontro teria a presença do cantor
Leonardo (que com o irmão, Leonardo, foi um dos símbolos da Era
Collor, com o hit "Pense em
Mim"). Mas Leonardo não pôde
ir, por problemas de agenda.
Bruno e Marrone tornaram-se
conhecidos publicamente pela
música "Dormi na Praça", cujo
refrão diz: "seu guarda, eu não
sou vagabundo, não sou delinquente/ sou um cara carente".
Segundo Ratinho, a entrevista
ocorreu em um clima de "alto astral", sem formalidades. As conversas foram captadas durante
uma caminhada e durante um almoço. Na edição, serão pontuadas com músicas da dupla.
Segundo Fábio Furiatti, diretor-geral do "Programa do Ratinho",
no almoço foram servidos churrasco, arroz, feijão tropeiro, salada, molho vinagrete e mandioca,
acompanhados de água e Coca-Cola. De sobremesa, pudim de leite. Participaram do encontro a
primeira-dama Marisa Letícia, o
ministro da Agricultura, Roberto
Rodrigues, o assessor especial José Graziano, o chefe-de-gabinete
de Lula, Gilberto Carvalho, e o deputado estadual do Paraná Carlos
Ratinho Junior, filho de Ratinho.
Segundo Ratinho, a entrevista
começou a ser arquitetada há um
mês, num café-da-manhã com
Lula. "Pedi uma força para o programa, uma entrevista exclusiva",
disse o apresentador, que se tornou amigo de Lula pouco antes da
campanha presidencial de 2002.
Ratinho afirma que perguntou
de tudo ao presidente. "Ele está
muito otimista. Falou que arou a
terra no primeiro ano [de governo], jogou adubo, plantou no começo deste ano e começa a colher
em junho".
Também conversou com Marisa. "Perguntei se tinha ciúme do
presidente. Falou que não".
Na próxima quarta, Lula deve
dar entrevista em Brasília para Jô
Soares. Segundo Soares, o material deve ser exibido no mesmo
dia. Ratinho, que só deve levar seu
material ao ar dois dias depois, diz
não ter medo de ser furado pelo
concorrente, que tem outro público. "Nossas perguntas são melhores do que as dele [Jô]", provocou.
Café com presidente
No programa de rádio, Lula disse que o Ministério da Previdência deve anunciar nos próximos
dias a criação de uma linha de financiamento para aposentados a
juros mais baixos em relação ao
mercado. A medida já fora anunciada em setembro de 2003.
Lula falou sobre salário mínimo, cujo novo valor deve ser definido nos próximos dias e entrará
em vigor em maio. "Estamos preparando as bases para que a gente
possa cumprir os nossos compromissos e dobrar o poder aquisitivo do salário mínimo. Agora, enquanto essas coisas não acontecem, vamos criar mecanismos para facilitar a vida do aposentado."
Colaborou a Sucursal de Brasília
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