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JANIO DE FREITAS
Palmas
O governo Lula e, nele, o
presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, conquistaram um êxito importante, por certo o maior dos alcançados
nos quase cinco meses desde a
sua posse. Apesar do que mostram os dados mais recentes do
IBGE -continuada redução dos
postos de trabalho, forte diminuição do montante de salários
na indústria, produção industrial desacelerada, queda do poder aquisitivo, retração acentuada nas vendas do comércio-, o
governo teve a coerência necessária para desprezar tudo isso e
preservar os juros que empobrecem o país e o povo, mas mantêm
a lucratividade dos bancos como
recordista mundial, longe das
demais.
Espantosa é a desatenção aos
empresários, incluído o próprio
vice-presidente José Alencar, que
reivindicaram o início da queda
dos juros. Luiz Inácio Lula da
Silva não lhes disse, com a sinceridade nunca posta em dúvida,
que eram só "bravatas de oposição" todas as suas críticas aos juros sufocantes, ao desemprego, à
queda da produção e à falta de
crescimento econômico? Ora,
mas que gente. É incrível que
continuem a não entender uma
mensagem tão simples como "esqueçam tudo o que eu disse".
Com sua incoerente persistência em ser um homem de palavra, ou seja, uma espécie de lulista fora de moda, o vice José Alencar vai ao exagero de se preocupar com o dinheiro que é desviado, pelo governo, de necessidades
públicas para remuneração dos
juros: "Cada 1% de juros representa a perda de R$ 700 milhões
de dinheiro público. Não podemos aceitar isso". O vice é uma
pessoa superada, ainda não passou do 31 de dezembro para 1º de
janeiro em que toda a dramaticidade da situação brasileira foi
submetida aos conceitos do presidente do Banco Central.
É isso mesmo, só dele, entre os
que são do governo. A reunião,
ontem, do Comitê de Política
Monetária, o tal Copom, para
decidir sobre os juros foi, apenas,
uma farsa. Já na véspera, ao encerrar a reunião ministerial, um
pequeno trecho de uma frase de
Lula indicava que a decisão sobre os juros estava fixada: "(...)
não dá para baixar essas taxas, e
não se pode fazer isso com bravata".
Claro que não. Bravatas só durante 20 anos, sobretudo em
campanha eleitoral, para chegar
ao governo. Mas, pelo menos do
vice José Alencar, ainda se pode
comprar um carro usado.
PS - Não esqueci o mérito, no
grande êxito da coerência governamental, do ministro Antonio
Palocci. Nos últimos dias ele foi
tão elogiado pelo FMI, por sua
política contrária ao crescimento
econômico, que os confetes daqui
nada lhe significariam.
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