|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PF prende 60 em ação antifraude ambiental
Entre os detidos estão o chefe de gabinete do governador de MT e mulher, genro e assessor do presidente da Assembleia estadual
Segundo a polícia, suposto
esquema fraudava licenças e
planos de manejo florestal
para legalizar madeira que
era extraída ilegalmente
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
JEAN-PHILIP STRUCK
DA AGÊNCIA FOLHA
A Polícia Federal deflagrou
uma operação que prendeu, até
a noite de ontem, 60 pessoas
em cinco Estados -entre elas, a
mulher, o genro e um assessor
do presidente da Assembleia
Legislativa de Mato Grosso, um
ex-secretário de Meio Ambiente do Estado e o chefe de gabinete do governador Silval Barbosa (PMDB-MT).
Segundo a PF, eles são suspeitos de participar de um esquema que fraudava licenciamentos e planos de manejo florestal para legalizar madeira
extraída ilegalmente de terras
públicas e indígenas, assentamentos e unidades de conservação em Mato Grosso.
Ao todo, foram expedidos 91
mandados de prisão preventiva
contra madeireiros, fazendeiros, engenheiros florestais e
servidores públicos.
As prisões foram efetuadas
em MT, SP, PR, RS e ES.
Segundo as investigações, o
esquema teve a ajuda de servidores da Sema (Secretaria Estadual do Meio Ambiente) e de
outros órgãos de Mato Grosso.
Servidores da secretaria faziam avaliações fraudulentas
de áreas florestais em propriedades rurais e concediam créditos fictícios que permitiam
"esquentar" madeira retirada
de reservas, segundo a PF.
Dos 91 mandados de prisão
preventiva expedidos, 80 são
de Mato Grosso. A Justiça Federal em Mato Grosso também
determinou a indisponibilidade dos bens de todos os suspeitos. O valor estimado dos danos
ambientais chega a cerca de R$
900 milhões, segundo a PF.
A operação -chamada Jurupari, referência a uma lenda tupi que fala de uma entidade enviada pelo Sol para reformar a
Terra- é resultado de cerca de
dois anos de investigações.
Proprietária de uma fazenda
em Juara (MT), uma das 68 em
que foram encontradas irregularidades, Janete Riva, mulher
do presidente da Assembleia de
MT, José Geraldo Riva (PP), foi
presa com seu genro, Antônio
Carlos Azoia, também dono de
uma fazenda investigada.
Segundo a PF, apenas na fazenda de Janete, o prejuízo ambiental chega a R$ 38 milhões.
Na casa de Azoia, a PF encontrou duas armas e R$ 25.600
em dinheiro. Adilson Rodrigues, um funcionário da Intermat (Instituto de Terras de Mato Grosso) cedido ao gabinete
de Riva, também foi preso.
A Justiça determinou ainda a
prisão de Cristiano Volpato, assessor e primo de Riva, e de
Paulo Rogério Riva (PP), ex-prefeito de Tabaporã e irmão
do presidente. Até a noite de
ontem não havia confirmação
de que eles haviam sido presos.
A PF também prendeu o ex-secretário de Meio Ambiente
de MT Luiz Henrique Daldegan, que foi nomeado no governo de Blairo Maggi (PR) e deixou a pasta em março.
É a segunda pessoa a ocupar
a pasta de Meio Ambiente presa em cinco anos. Em 2005, o
ex-secretário Moacir Pires de
Miranda Filho, foi preso por
suspeita de integrar um esquema de desmatamento.
Sílvio Cezar Correa de Araújo, chefe de gabinete do atual
governador, Silval Barbosa,
também foi preso na operação.
Segundo a PF, Luiz Henrique
Daldegan, ex-secretário de
Meio Ambiente do MT, é suspeito de alterar o zoneamento
ambiental de uma área da Chapada dos Guimarães para beneficiar a propriedade do deputado federal Eliene Lima (PP). A
reportagem não conseguiu falar com eles ou seus advogados.
Nos outros Estados, proprietários de fazendas e madeireiras foram presos pelas superintendências locais da PF.
Em Belo Horizonte, o ex-conselheiro do Tribunal de
Contas do Estado Ubiratan Spinelli foi preso.
Texto Anterior: Lei atingiria irmãos em RO, diz procurador Próximo Texto: Outro lado: Prisão é política, diz presidente de Assembleia Índice
|