São Paulo, sábado, 22 de maio de 2010

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PF prende 60 em ação antifraude ambiental

Entre os detidos estão o chefe de gabinete do governador de MT e mulher, genro e assessor do presidente da Assembleia estadual Segundo a polícia, suposto esquema fraudava licenças e planos de manejo florestal para legalizar madeira que era extraída ilegalmente

RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
JEAN-PHILIP STRUCK
DA AGÊNCIA FOLHA

A Polícia Federal deflagrou uma operação que prendeu, até a noite de ontem, 60 pessoas em cinco Estados -entre elas, a mulher, o genro e um assessor do presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, um ex-secretário de Meio Ambiente do Estado e o chefe de gabinete do governador Silval Barbosa (PMDB-MT).
Segundo a PF, eles são suspeitos de participar de um esquema que fraudava licenciamentos e planos de manejo florestal para legalizar madeira extraída ilegalmente de terras públicas e indígenas, assentamentos e unidades de conservação em Mato Grosso.
Ao todo, foram expedidos 91 mandados de prisão preventiva contra madeireiros, fazendeiros, engenheiros florestais e servidores públicos.
As prisões foram efetuadas em MT, SP, PR, RS e ES.
Segundo as investigações, o esquema teve a ajuda de servidores da Sema (Secretaria Estadual do Meio Ambiente) e de outros órgãos de Mato Grosso.
Servidores da secretaria faziam avaliações fraudulentas de áreas florestais em propriedades rurais e concediam créditos fictícios que permitiam "esquentar" madeira retirada de reservas, segundo a PF.
Dos 91 mandados de prisão preventiva expedidos, 80 são de Mato Grosso. A Justiça Federal em Mato Grosso também determinou a indisponibilidade dos bens de todos os suspeitos. O valor estimado dos danos ambientais chega a cerca de R$ 900 milhões, segundo a PF.
A operação -chamada Jurupari, referência a uma lenda tupi que fala de uma entidade enviada pelo Sol para reformar a Terra- é resultado de cerca de dois anos de investigações.
Proprietária de uma fazenda em Juara (MT), uma das 68 em que foram encontradas irregularidades, Janete Riva, mulher do presidente da Assembleia de MT, José Geraldo Riva (PP), foi presa com seu genro, Antônio Carlos Azoia, também dono de uma fazenda investigada.
Segundo a PF, apenas na fazenda de Janete, o prejuízo ambiental chega a R$ 38 milhões.
Na casa de Azoia, a PF encontrou duas armas e R$ 25.600 em dinheiro. Adilson Rodrigues, um funcionário da Intermat (Instituto de Terras de Mato Grosso) cedido ao gabinete de Riva, também foi preso.
A Justiça determinou ainda a prisão de Cristiano Volpato, assessor e primo de Riva, e de Paulo Rogério Riva (PP), ex-prefeito de Tabaporã e irmão do presidente. Até a noite de ontem não havia confirmação de que eles haviam sido presos.
A PF também prendeu o ex-secretário de Meio Ambiente de MT Luiz Henrique Daldegan, que foi nomeado no governo de Blairo Maggi (PR) e deixou a pasta em março.
É a segunda pessoa a ocupar a pasta de Meio Ambiente presa em cinco anos. Em 2005, o ex-secretário Moacir Pires de Miranda Filho, foi preso por suspeita de integrar um esquema de desmatamento.
Sílvio Cezar Correa de Araújo, chefe de gabinete do atual governador, Silval Barbosa, também foi preso na operação.
Segundo a PF, Luiz Henrique Daldegan, ex-secretário de Meio Ambiente do MT, é suspeito de alterar o zoneamento ambiental de uma área da Chapada dos Guimarães para beneficiar a propriedade do deputado federal Eliene Lima (PP). A reportagem não conseguiu falar com eles ou seus advogados.
Nos outros Estados, proprietários de fazendas e madeireiras foram presos pelas superintendências locais da PF.
Em Belo Horizonte, o ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Ubiratan Spinelli foi preso.


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