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SALÁRIO MÍNIMO
Parlamentares que votaram pelos R$ 260 foram privilegiados
Deputados pró-governo têm mais recursos para emendas
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os 266 deputados federais que
votaram favoráveis à proposta do
governo de um salário mínimo de
R$ 260, no dia 2 de junho, tiveram
suas emendas parlamentares empenhadas em valores duas vezes
superiores ao destinado ao grupo
de 167 deputados que apoiou a
proposta de R$ 275, defendida pela oposição.
Dados do Siafi (sistema de
acompanhamento de gastos federais) mostram que até 4 de junho,
dois dias após a votação, o grupo
que votou com o governo teve
empenhadas (quando o governo
assume o compromisso com o
gasto) 33,1% das emendas que fez
ao Orçamento 2004, um total de
R$ 125,5 milhões.
Já os 167 deputados que votaram a favor dos R$ 275, contra a
proposta do governo, tiveram um
empenho de emendas que representa apenas 10,8% do valor aprovado para elas no Orçamento, o
que dá R$ 25,7 milhões.
A totalização das emendas empenhadas foi feita pela Folha com
base nos dados do Siafi divulgados pela Comissão Mista de Orçamento da Câmara, a pedido do
deputado Pauderney Avelino
(PFL-AM).
O governo federal nega que esteja usando a liberação das emendas como forma de pressionar deputados a votar a favor de suas
propostas.
Emenda de Aldo
Os números do Siafi mostram
também que apenas R$ 488 mil
(0,06% do total previsto para
2004, que é de R$ 883 milhões) haviam efetivamente sido pagos até
o dia 4 de junho, valor relativo às
emendas de apenas 8 dos 594 parlamentares.
Do total já pago, R$ 47 mil se referem a uma emenda do ministro
Aldo Rebelo (Coordenação Política), deputado federal licenciado e
que é atualmente o responsável
direto pelo controle e liberação
das verbas.
As emendas parlamentares são
geralmente usadas por deputados
e senadores como forma de destinar recursos do Orçamento para
obras e projetos em seus redutos
eleitorais.
Como é o Executivo que define
quando e quanto das emendas serão realmente liberados, o instrumento vem sendo usado nos últimos anos como forma de pressionar congressistas a apoiar projetos de interesse do governo.
Por outro lado, bancadas condicionam abertamente o apoio dado ao Palácio do Planalto à liberação das emendas.
"É absolutamente óbvio que o
governo, contrariando toda a sua
retórica ética que fez ao longo dos
anos, está utilizando uma prática
de troca de favores, fisiológica, lamentável", afirmou o deputado
federal Custódio Mattos (MG), líder da bancada do oposicionista
PSDB.
Oposição
Dados do Siafi atualizados até o
dia 14 de junho mostram que os
partidos de oposição estavam,
proporcionalmente, em um nível
de atendimento bem mais baixo
do que os governistas. Enquanto
parlamentares do PSDB, PFL e
PDT tinham cerca de 5% de suas
emendas empenhadas, os petebistas alcançavam 49% e os peemedebistas, 42,7%.
"O governo está cumprindo o
que prometeu no início do ano.
Não há nenhum tipo de pressão
sobre essa votação", afirmou o
deputado Professor Luizinho
(PT-SP), líder do governo na Câmara.
A assessoria de imprensa do Ministério da Coordenação Política
negou que haja uso das emendas
como instrumento de pressão e
afirmou que a responsabilidade
pelo ritmo dos empenhos e das liberações é dos ministérios, que
têm trâmites diferenciados e
agem de acordo com suas prioridades e seus projetos.
O ministério afirma ainda que
os empenhos aumentarão até o
dia 3 de julho, prazo limite para a
medida de acordo com a legislação eleitoral.
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