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REFÉM DA BASE
Mecanismo, incluso na LDO, elevaria salário a R$ 285 em 2005
Relator quer atrelar mínimo ao PIB
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ainda em meio à batalha legislativa para manter o valor do salário
mínimo fixado para este ano, o
governo já corre o risco de ver imposto pelo Congresso o reajuste
do mínimo em 2005 -na votação, que ocorrerá nos próximos
dias, da LDO (Lei de Diretrizes
Orçamentárias).
Em parecer divulgado ontem, o
relator da LDO, senador Garibaldi
Alves Filho (PMDB-RN), incluiu
no projeto regra segundo a qual o
mínimo terá aumento real (acima
da inflação) equivalente, pelo menos, à taxa de variação do Produto
Interno Bruto deste ano.
Na prática, o mecanismo elevará o mínimo a R$ 285 em maio de
2005, considerando uma inflação
de 6% em 12 meses e o crescimento esperado de 3,5% do PIB neste
ano -além da hipótese de que o
governo conseguirá manter o valor deste ano em R$ 260.
A proposta não é exatamente
novidade: foi discutida com o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) e sua equipe nas recentes
negociações em torno do salário
mínimo na Câmara e no Senado.
O problema é que o governo
ainda não tem posição oficial sobre o tema nem pretendia discuti-lo agora, e a LDO precisa ser votada em poucos dias para que o
Congresso entre em recesso.
"O ministro disse que havia até
alguma possibilidade, que a proposta era até razoável, mas que o
governo não queria ficar "amarrado" [comprometido desde já com
um índice de reajuste]. Eu resolvi
incluir", disse Alves Filho.
Um reajuste real de 3,5% é quase nada perto da promessa, feita
pelo presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, de dobrar em quatro
anos o poder de compra do mínimo. Porém, é superior aos reajustes concedidos nos dois primeiros
anos do mandato de Lula, ambos
de apenas 1,2% acima da inflação.
Os defensores da medida afirmam que os reajustes do salário
mínimo devem seguir regras estáveis e previsíveis, em vez de improvisos e disputas políticas
anuais. Por isso, a LDO, que fixa
as regras para a elaboração do Orçamento do ano seguinte, seria o
instrumento adequado.
Alves Filho, em seu parecer, estabelece que o governo terá de elaborar um projeto para a recuperação do mínimo ao longo de um
período de dez anos, além de medidas voltadas para a população
de baixa renda, listadas de forma
genérica no texto: criar um fundo
destinado ao ensino básico, "acelerar" o programa Brasil Alfabetizado, "incrementar" as obras de
saneamento, entre outras.
Do lado do governo, o argumento básico contra aumentos
mais generosos do salário mínimo é conhecido: o déficit da Previdência Social, que deve chegar
aos R$ 30 bilhões neste ano.
As discussões sobre a LDO devem ser iniciadas nesta quinta-feira, mas o projeto só deve ser votado, na melhor das hipóteses, na
próxima semana.
"Eu não sei o que o governo vai
fazer, mas, se quiser levar também esse assunto na base do rolo
compressor, pode se dar mal",
afirma Alves Filho.
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