São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 2005

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Oposição pressiona e CPI decide ouvir Jefferson na quarta

LEILA SUWWAN
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O comando da CPI acabou cedendo à pressão da oposição e concordou em adiantar o depoimento do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) para a quarta-feira da próxima semana. Foram aprovados em bloco ontem 110 requerimentos que incluem a convocação de Sílvio Pereira, secretário-geral do PT e articulador de indicações políticas no governo.
Com isso, PSDB e PFL conseguiram uma vitória por apressar a condução da CPI. O presidente da comissão, senador Delcídio Amaral (PT-MS), e o relator deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) tinham elaborado uma lista de 21 nomes para serem os próximos depoentes, todos ligados só ao caso dos Correios.
Apesar de barrar esse planejamento, a oposição viu ficar "sob análise" os requerimentos para convocar o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, Waldomiro Diniz, ex-assessor da Casa Civil flagrado cobrando propina, e o restante da cúpula petista: Delúbio Soares (tesoureiro) e José Genoino (presidente).
A CPI ouviu ontem seu primeiro depoimento, de Maurício Marinho, o ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios, que foi flagrado em vídeo recebendo propina de R$ 3.000 e acusando o PTB de comandar um esquema de corrupção nas estatais.
Até a manhã de ontem, 160 requerimentos foram apresentados à comissão. Desses, 110 foram aprovados em bloco pelos 23 integrantes que estavam presente.
No conjunto, estão aprovadas as convocações de 39 pessoas. O destaque é para Sílvio Pereira, que poderia fornecer, na opinião da oposição, o elo entre as indicações políticas de aliados e o suposto esquema de corrupção em estatais.
Além dele, é convocado o publicitário Marcos Valério, cujas empresas DNA e SMPB têm importantes contratos com o governo e que, segundo Roberto Jefferson, seria o operador do suposto "mensalão" do PT para deputados da base aliada.
A ex-secretária de Valério Fernanda Karina Ramos Sommaggio também teve o depoimento aprovado. As datas não foram estabelecidas. O ex-diretor de Administração dos Correios Antonio Osório Batista deve depor na próxima terça, um dia antes de Jefferson.
PFL e PSDB querem ouvir logo em seguida Eduardo Medeiros, ex-diretor de Tecnologia e Infra-estrutura dos Correios, que seria ligado a Sílvio Pereira. Em seguida, querem ouvir Sílvio e Marcos Valério. Seguindo essa agenda, fica frustrado o plano de Delcídio de ouvir mais de meia dúzia de envolvidos que a oposição classificou de "bagrinhos".
"Não queremos ficar enchendo lingüiça com depoimentos que vão entediar a platéia e aborrecer a opinião pública. Querem procrastinar as investigações", disse o líder pefelista, senador José Agripino (RN).
O senador Arthur Virgílio, líder do PSDB, ironizou: "Queremos ouvir gente acima de R$ 3.000".
O comando da CPI negou que os requerimentos em análise se traduzem em uma procrastinação.


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