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Ex-araponga atuava com o PT nos Correios, diz empresário para a PF
RUBENS VALENTE
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Cópia do inquérito da Polícia
Federal sobre suposta corrupção
nos Correios, entregue na última
sexta-feira à CPI, inclui o depoimento de um empresário que
aponta a participação do ex-araponga do SNI José Fortuna Santos
Neves na intermediação de audiências entre empresários e a Diretoria de Tecnologia dos Correios, controlada pelo PT.
A PF entregou à CPI cerca de
400 páginas, mas nenhum relatório conclusivo do delegado que
conduz o inquérito, Luis Flávio
Zampronha. Em depoimento à
PF no dia 10, o empresário Clauzer Esteves Dziedziensky, 37, disse que foi recebido pela Diretoria
de Tecnologia depois da intermediação de Fortuna.
Dziedziensky estava interessado em "oferecer à ECT [Empresa
de Correios e Telégrafos] um produto de gerenciamento dos links
das agências da ECT". "Sem intervenção de Fortuna Neves, [o empresário] acredita ser impossível
chegar ao Diretor de Tecnologia
da ECT", declarou Dziedziensky.
Não fica claro, no depoimento e
nos documentos enviados à CPI,
se o empresário obteve sucesso no
negócio oferecido aos Correios. O
empresário tem estreito relacionamento com Fortuna. Eles se
tornaram sócios no fim de 2004
-após Fortuna ter marcado a audiência nos Correios- na empresa de consultoria Atrium, registrada em nome de um filho de
Fortuna, e dividiu com ele o escritório da empresa, primeiro no
Brasília Shopping, depois no edifício Varig, ambos em Brasília.
Araponga do SNI até meados da
década de 80 e hoje capitão aposentado da PM de Minas Gerais,
Fortuna teve seu nome envolvido
no escândalo dos Correios a partir
de um discurso feito pelo deputado Roberto Jefferson na Câmara.
Ele atribuiu a Fortuna parte da
responsabilidade pela gravação
do vídeo que flagrou suposta propina nos Correios e deflagrou
uma investigação contra o PTB.
Em seu discurso e em declarações posteriores à imprensa, Jefferson afirmava que o PT estaria
sendo poupado nas investigações
sobre os Correios.
A Diretoria de Tecnologia dos
Correios era ocupada, no início
do escândalo, pelo servidor de
carreira Eduardo Medeiros de
Morais, uma indicação do PT.
Com os outros seis diretores, ele
foi destituído do cargo após Jefferson ter ampliado suas denúncias contra o PT e o governo. Medeiros continua na empresa, como "administrador postal".
À PF, Dziedziensky disse que
conheceu Fortuna pela indicação
de outro representante comercial.
"[A pessoa] indicou Fortuna como uma pessoa hábil a negociar
um contato junto à Diretoria da
ECT", disse. O sócio oficial de
Dziedziensky e filho de Fortuna,
Marcelo Campos Neves, 33, revelou que a Atrium representa diversas empresas que têm interesses ou negócios nos Correios, como a Siemens, a Intermec, Packeteer e Mandic.
Marcelo contou ter um estreito
relacionamento com o PTB. Ocupou um cargo na segunda secretaria da Câmara, então dirigida por
Leopoldo Bessone (MG). Depois
foi trabalhar com Nelson Trad
(ex-PTB-MS) e dali seguiu para o
gabinete de Nilton Capixaba
(PTB-RO) -isso antes de trabalhar com Severino Cavalcanti.
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