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GOVERNO
Órgão será chefiado por superintendente ligado ao ex-diretor Chelotti
Planalto escolhe diretor da
PF com aval de Calheiros
da Sucursal de Brasília
O Palácio do Planalto anunciou
ontem que o novo diretor-geral da
Polícia Federal será Agílio Monteiro Filho, que ocupa a superintendência do órgão em Minas Gerais
há cinco anos e meio. A posse será
quinta-feira, às 11h, no Ministério
da Justiça.
O nome de Monteiro Filho não
constava da lista de opções entregue a FHC pelo ministro-chefe da
Casa Militar, general Alberto Cardoso.
A área de inteligência do governo
passou um "pente fino" na biografia do novo diretor para evitar um
novo constrangimento como foi a
nomeação do delegado João Batista Campelo, acusado de prática de
tortura em 1970.
O nome foi anunciado pelo porta-voz da Presidência, Georges Lamazière, às 21h10, enquanto o ministro da Justiça, Renan Calheiros,
estava reunido com o presidente
Fernando Henrique Cardoso.
O ministro, que havia chegado
ao Palácio alguns minutos antes,
foi embora menos de meia hora
depois do anúncio.
"Foi a melhor solução. Foi uma
boa escolha. Gostei do nome. É um
nome acima de grupos e atende
aos critérios que eu sempre defendi", disse Calheiros.
Ele não quis dizer se Agílio Monteiro Filho era seu indicado, mas a
Folha apurou que o nome era uma
das opções que ele vinha estudando desde a saída de Vicente Chelotti da PF, em março passado.
Segundo o Palácio do Planalto, a
escolha foi feita em conjunto pelo
presidente e pelo ministro, a quem
Monteiro Filho é subordinado.
Monteiro Filho construiu carreira em Belo Horizonte, onde nasceu. Tem 52 anos, é negro e pai de
três filhos. Virou agente da PF em
1973 e delegado, cinco anos depois. A PF informou que, como delegado, ele foi diretor do Dops
(Departamento de Ordem Política
e Social) em Minas, mas não disse
em que data.
O grupo Tortura Nunca Mais, do
Rio, informou que vai vasculhar
seus arquivos hoje para emitir
uma opinião sobre o novo diretor.
Depois, chefiou a Delegacia de
Repressão a Entorpecentes no Estado e foi vice-superintendente da
PF mineira. No governo Itamar
Franco, foi nomeado superintendente regional pelo então chefe da
PF, Wilson Romão.
O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Jorge
Venerando, disse, após saber da
escolha, que o nome é uma "continuidade da administração Chelotti". Segundo ele, o nome de Agílio
era um dos preferidos de Chelotti
para sua sucessão.
Monteiro Filho foi um dos dois
superintendentes regionais da PF
mantidos pelo ex-diretor-geral
quando ele assumiu o cargo.
A escolha do novo diretor da PF
ocorre depois de uma crise no governo gerada pela escolha de Campelo. Ele pediu demissão na sexta-feira depois de apenas três dias no
cargo -ontem, o governador
Neudo Campos (PPB-RR) anunciou que ele voltará a ser secretário
da Segurança do Estado.
Campelo não resistiu às pressões
políticas de aliados do governo e
dos grupos de defesa dos direitos
humanos depois que o ex-padre
José Antônio Monteiro o acusou
de ter comandado sessão de tortura contra ele em 1970.
As denúncias sobre a participação do diretor da PF em sessões de
tortura inviabilizaram sua permanência no cargo. A demissão foi
precipitada pela pressão de aliados
do governo. O PSDB chegou a pedir a FHC que o demitisse.
A crise em torno de Campelo havia começado antes da denúncia
de tortura. O ministro Renan Calheiros foi preterido quando Campelo foi escolhido a despeito de sua
preferência pelo delegado Wantuir Jacini. A decisão provocou um
conflito entre o governo e o
PMDB, partido de Calheiros, que
se considerou discriminado.
Na sua curta passagem pela PF,
Campelo não chegou a despachar
com Calheiros, que lhe deu uma
posse protocolar no último dia 15.
Com a saída de Campelo, Calheiros passou a defender uma solução
técnica para a vaga.
Outros nomes cotados para o comando da PF foram preteridos.
Entre eles, o atual superintendente
no Distrito Federal, Paulo Gustavo
de Magalhães Pinto, o delegado
Zulmar Pimentel e Ney Cunha e
Silva, chefe da Divisão de Crime
Organizado e Inquéritos Especiais.
Pimentel era o preferido do chefe
da Casa Militar, Alberto Cardoso.
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