São Paulo, Terça-feira, 22 de Junho de 1999
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NO AR
Graus de tolerância

NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

À sua maneira, ou seja, da maneira mais sub-reptícia possível, FHC enfrentou ACM, ontem na TV.
Nem citou o imperador baiano, e os telejornais preferiram entender o discurso como aviso só ao PMDB. Mas estava lá, no discurso à Escola Superior de Guerra:
- Se bem a democracia implique a compreensão do outro, em certos graus de tolerância, devo dizer que a minha tolerância chegou ao limite. Chegou ao limite.
Era a resposta pedida pelo presidente do Supremo, depois das ameaças de ruptura institucional feitas por ACM. Prosseguiu FHC:
- Em qualquer campo, a decisão tomada tem que ser decisão respeitada. Não pode ser decisão que a cada instante seja objeto de contestação por quem quer que seja.
À maneira furtiva de FHC, não deixa de ser um sinal de coragem.

FHC passou o dia a fustigar ACM. Almoçou com Marco Maciel, ligou para Carlos Velloso, coisas assim.
Depois do almoço, o articulador político Pimenta da Veiga anunciou que o presidente disse não ter ficado nada satisfeito com o Congresso no primeiro semestre.
ACM, estranhamente, se encolheu. Falou que FHC podia ligar para ele diretamente, mas de resto preferiu alvo menos polêmico, o PT.
A legenda soltou nota dizendo que ACM "serviu à ditadura e ao governo Collor" e não tem "autoridade moral" para criticar o Supremo.
ACM disse que era ataque de "ciúmes" de José Dirceu, presidente do PT.

As festas juninas esta semana, o recesso de julho depois. E FHC, para além das palavras, estará livre de ACM por mais de um mês.
Dia 1º de julho, diz a Globo, ele começa novo esforço para recuperar sua imagem.

E-mail: nelsonsa@folhasp.com.br


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