São Paulo, Terça-feira, 22 de Junho de 1999
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INVESTIGAÇÃO
Papéis ligam a grupo de senador
Receita investigará cheques de empresas

FLÁVIA DE LEON
da Sucursal de Brasília


A Receita Federal investigará os destinatários dos cheques da Incal Incorporações e da Ikal Construções S/A lançados em contabilidade como enviados à financeira panamenha International Real State Investments.
Entre 55 pagamentos, pelo menos 19 foram parar em empresas do senador Luiz Estevão de Oliveira (PMDB-DF), dono do Grupo OK. Requerimento pedindo a investigação deverá ser aprovado hoje pela CPI do Judiciário.
Essa foi a forma encontrada pela CPI para aprofundar a investigação sobre as relações de Estevão com as empreiteiras, que ganharam a construção do Fórum Trabalhista de São Paulo sem ao menos participar da licitação.
Entregar o trabalho para a Receita é uma saída confortável, porque evita novo confronto partidário -na semana passada o presidente do PMDB, senador Jader Barbalho (PA), saiu em defesa de Estevão.
Como Incal e Ikal enganaram o fisco ao dizer que mandaram dinheiro para o exterior, os pagamentos têm de ser investigados.
O fórum recebeu R$ 222 milhões do Orçamento da União até março de 98, excluídos os pagamentos referentes a aditivos aprovados pelo Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo. Mas, segundo a contabilidade da Ikal, só R$ 60 milhões foram aplicados até o final de 97.
Estevão tem dito que suas empresas mantêm "negócios regulares" com as de Monteiro de Barros, seu amigo. Em carta à CPI, disse que somam cerca de R$ 25 milhões e nada têm a ver com o fórum.
Como se nega a revelar detalhes desses negócios e a construção do fórum era a única fonte de renda da Incal e Ikal até meados de 97, há a suspeita de que empreiteiras de Estevão ajudaram na obra.
Outra suspeita é que Monteiro de Barros tenha pago comissão a empresas derrotadas na licitação. Estevão participou em um consórcio.


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