São Paulo, Terça-feira, 22 de Junho de 1999
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VERBAS PÚBLICAS
Liberação é feita por Waldeck Ornélas (Previdência), afilhado político de ACM
Fundação Luís Eduardo recebe verba

Patrícia Santos - 20.mai.99/Folha Imagem
O ministro da Previdência, Waldeck Ornélas, ligado ao senador ACM


LUCIO VAZ
da Sucursal de Brasília

Por solicitação do ministro Waldeck Ornélas (Previdência Social), o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) destinou R$ 1 milhão para financiar um convênio com a Fundação Luís Eduardo Magalhães na Bahia.
Nota de empenho (reserva de recursos do Orçamento da União) do dia 25 de março deste ano destina os recursos para "despesa com ações do programa de melhoria de atendimento à clientela previdenciária, conforma solicitação do gabinete do ministro".
Ornélas é afilhado político do presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), pai do deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), líder do governo Fernando Henrique Cardoso morto em 21 de abril do ano passado.
O ministro afirma que não houve favorecimento a um aliado político. "É o caso Denorex: parece mas não é. O fato de eu ser baiano não me impede de assinar um convênio com uma entidade do meu Estado."
Ornélas disse que "foi criada uma cultura no país de se levantar suspeitas quando se trabalha com aliados". "Temos que ficar contratando inimigos? Não deixarei de trabalhar com aliados quando eles demonstrarem competência."
O ministro da Previdência disse que a Fundação Luís Eduardo Magalhães "foi criada sob os auspícios das Nações Unidas" e tem apresentado "soluções inovadoras em administração pública". "Ligue para fundação, para não parecer que é picaretagem", recomendou.
Ornélas afirmou que está fazendo "uma revolução na Previdência em relação à melhoria de atendimento, para facilitar a vida do segurado. A fundação tem a mesma concepção gerencial". Segundo ele, a fundação teria quadros técnicos com competência para realizar esse tipo de trabalho.
O ministro disse que o Ministério da Previdência já firmou convênios com universidades de São Paulo, do Distrito Federal, de Minas Gerais e da Bahia para desenvolver projetos na área de modernização administrativa.
Os recursos empenhados começarão a ser liberados depois que a fundação apresentar um plano de trabalho ao ministério. O empenho não garante a liberação de 100% dos recursos.
A pesquisa na Siafi (sistema que controla os gastos no governo) que confirmou o empenho foi feita pelo gabinete do deputado Agnelo Queiroz (PC do B -DF). Ele vai apresentar requerimento de informação ao Ministério da Previdência para saber porque foram repassados recursos para uma entidade privada.
A Folha telefonou ontem para a Fundação Luís Eduardo Magalhães e informou sobre o conteúdo da reportagem. O diretor-geral da fundação, Geraldo Machado, estava viajando, segundo informou a secretária Helena.
A reportagem procurou a assessoria do senador Antonio Carlos Magalhães. O secretário de Comunicação Social, Fernando César Mesquita, recomendou que a Folha procurasse Ornélas.


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