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Articulação não-petista pode beneficiar Ciro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O grande beneficiário das articulações das oposições não-petistas para a eleição presidencial de
2002 poderá ser Ciro Gomes, do
PPS. Além de estar na frente das
pesquisas, ele é mais jovem e tem
garantia de sigla, ao contrário, por
exemplo, do governador de Minas, Itamar Franco.
"Eu me apresento como intérprete da necessidade, que é política e é do eleitorado, de haver uma
oposição não-petista na eleição de
2002. Toda a minha campanha é
nesse sentido", disse ele ontem à
Folha, sem admitir em nenhum
momento que sua intenção é
atrair Itamar para ser seu vice.
Ciro está convencido de que o
governo escolheu o PT e a candidatura Luiz Inácio Lula da Silva
como alvos principais por avaliar
que será mais fácil derrotar Lula
no segundo turno do que os demais oposicionistas.
"Como foi em 1994 e em 1998,
quando todos se uniram contra o
PT", ressalvou ele, que estava ontem em Brasília para contatos políticos dentro e fora do seu partido. Da mesma forma, Ciro Gomes
acha que o PT elegeu o governo
FHC como adversário, sob a avaliação -errada, a seu ver- de
que a economia e a situação econômica irão derrotar o candidato
governista.
Ciro acha que o PT esqueceu de
adicionar um dado nessa análise:
o de que as forças mais conservadoras e parte da imprensa estão
cerrando, ou irão cerrar, fileiras
"mais uma vez" a favor do governo e contra o PT.
As conversas de Ciro têm sido
com os peemedebistas dissidentes, que apóiam a candidatura
presidencial de Itamar em 2002, e
com o ex-governador do Rio Leonel Brizola, que é do PDT e não
tem candidato.
"Em 1998 [quando foi candidato a presidente e perdeu", eu estava sozinho. Depois, tudo o que eu
dizia, inclusive sobre o câmbio,
aconteceu. Por isso, cresci nas
pesquisas", acrescentou.
Ele diz que continua bem situado e que as pequenas alterações
nas pesquisas se devem justamente à entrada na cena presidencial
de Itamar, que é do segundo
maior colégio eleitoral do país, e
do governador do Rio, Anthony
Garotinho (PSB), que é do terceiro. Na lógica de Ciro, Minas tem
18% do eleitorado nacional e basta Itamar reunir metade disso para ter 9% nas pesquisas. Já o Rio
tem 15%, e metade disso daria
7,5% para Garotinho.
Ciro acusa o governo e o PT de
estarem fazendo um jogo tacitamente combinado, porque se elegeram mutuamente como adversários principais para chegarem
ao segundo turno e tentam excluir os demais candidatos.
Indagado sobre Garotinho, outra força de oposição que não está
nem com Lula nem conversando
com Ciro, Itamar e Brizola, ele
respondeu: "Eu acho que ele é
despreparado para concorrer e
simplesmente o desconsidero".
(ELIANE CANTANHÊDE)
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