São Paulo, quarta-feira, 22 de agosto de 2001

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Articulação não-petista pode beneficiar Ciro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O grande beneficiário das articulações das oposições não-petistas para a eleição presidencial de 2002 poderá ser Ciro Gomes, do PPS. Além de estar na frente das pesquisas, ele é mais jovem e tem garantia de sigla, ao contrário, por exemplo, do governador de Minas, Itamar Franco.
"Eu me apresento como intérprete da necessidade, que é política e é do eleitorado, de haver uma oposição não-petista na eleição de 2002. Toda a minha campanha é nesse sentido", disse ele ontem à Folha, sem admitir em nenhum momento que sua intenção é atrair Itamar para ser seu vice.
Ciro está convencido de que o governo escolheu o PT e a candidatura Luiz Inácio Lula da Silva como alvos principais por avaliar que será mais fácil derrotar Lula no segundo turno do que os demais oposicionistas.
"Como foi em 1994 e em 1998, quando todos se uniram contra o PT", ressalvou ele, que estava ontem em Brasília para contatos políticos dentro e fora do seu partido. Da mesma forma, Ciro Gomes acha que o PT elegeu o governo FHC como adversário, sob a avaliação -errada, a seu ver- de que a economia e a situação econômica irão derrotar o candidato governista.
Ciro acha que o PT esqueceu de adicionar um dado nessa análise: o de que as forças mais conservadoras e parte da imprensa estão cerrando, ou irão cerrar, fileiras "mais uma vez" a favor do governo e contra o PT.
As conversas de Ciro têm sido com os peemedebistas dissidentes, que apóiam a candidatura presidencial de Itamar em 2002, e com o ex-governador do Rio Leonel Brizola, que é do PDT e não tem candidato.
"Em 1998 [quando foi candidato a presidente e perdeu", eu estava sozinho. Depois, tudo o que eu dizia, inclusive sobre o câmbio, aconteceu. Por isso, cresci nas pesquisas", acrescentou.
Ele diz que continua bem situado e que as pequenas alterações nas pesquisas se devem justamente à entrada na cena presidencial de Itamar, que é do segundo maior colégio eleitoral do país, e do governador do Rio, Anthony Garotinho (PSB), que é do terceiro. Na lógica de Ciro, Minas tem 18% do eleitorado nacional e basta Itamar reunir metade disso para ter 9% nas pesquisas. Já o Rio tem 15%, e metade disso daria 7,5% para Garotinho.
Ciro acusa o governo e o PT de estarem fazendo um jogo tacitamente combinado, porque se elegeram mutuamente como adversários principais para chegarem ao segundo turno e tentam excluir os demais candidatos.
Indagado sobre Garotinho, outra força de oposição que não está nem com Lula nem conversando com Ciro, Itamar e Brizola, ele respondeu: "Eu acho que ele é despreparado para concorrer e simplesmente o desconsidero". (ELIANE CANTANHÊDE)

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