São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 2002

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HORÁRIO ELEITORAL

Ciro quer responder a Serra, que contesta publicidade do PT

Estréia da propaganda abre corrida de recursos aos TSE

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dia após a estréia da propaganda eleitoral na TV e no rádio, os presidenciáveis recorreram ontem ao "tapetão" para tentar suspender parte da publicidade do adversário ou ocupar espaço destinado ao concorrente. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) recebeu quatro recursos, dois deles pedidos de direito de resposta.
Ciro Gomes (PPS) e José Serra (PSDB) transferiram para o campo judicial a disputa que travam por votos, trocando acusações de desrespeito à legislação eleitoral. A propaganda de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi alvo de ataques da Petrobras e de Serra.
No final da tarde de ontem, os advogados de Ciro apresentaram um pedido de direito de resposta contra o programa de Serra veiculado anteontem à noite na TV, em que o tucano exibiu declarações críticas do próprio presidenciável do PPS sobre políticos aos quais ele agora está aliado.
Os advogados questionaram particularmente a veiculação de uma resposta de Ciro a um ouvinte durante entrevista na Bahia sobre o apoio que recebe do ex-senador Antonio Carlos Magalhães, sem a apresentação da pergunta.
O ouvinte havia perguntado se o candidato queria ser presidente da Suíça, porque ele dissera que não daria cargos aos aliados se fosse eleito. A resposta foi: "Lá é parlamentarista. É só um aviso aí para esses petistas furibundos. Tem que fazer as perguntas com um pouco mais de cuidado para largar de ser burro".
Os advogados argumentam que a equipe de Serra fez "montagem de áudio que distorceu a realidade, com o nítido propósito de injuriar" Ciro. Teria havido ofensa à reputação, à dignidade e ao decoro do candidato.
Eles pediram um minuto do tempo de Serra como direito de resposta, a proibição de uso de voz e imagem que o denigram e a perda do tempo do programa e o dobro das inserções (comerciais ao longo da programação) que continham o ataque.
O programa de Serra deve voltar ao assunto hoje, mostrando o ouvinte que fez a pergunta a Ciro na rádio baiana.
Serra, por sua vez, moveu representação contra Ciro porque ele teria aparecido na propaganda do candidato ao governo de São Paulo Antonio Cabrera (PTB).
Os advogados sustentaram que ele fez propaganda dissimulada de sua candidatura ao Planalto em horário destinado à publicidade da disputa ao governo. Pedem que Ciro, como punição, perca tempo de seu horário eleitoral.
Na mesma linha, Serra acusou Lula de utilizar indevidamente as propagandas dos candidatos ao governo de Pernambuco e ao Senado apoiados pelo PT. Nesse caso, também foi pedida a perda no Estado de inserções de Lula para compensar a aparição supostamente ilegal.
A Petrobras pediu direito de resposta contra Lula porque o petista criticara anteontem o fato de a empresa ter decidido construir uma plataforma em Cingapura.
O programa de Serra foi criticado por aliados de Ciro e levou o presidente do PPS, Roberto Freire, a divulgar uma nota, no qual afirmou que o programa de Serra se resumiu "a um ato de agressão à figura pública" de Ciro.
Para Freire, o programa rompeu o compromisso com uma campanha de alto nível e abandonou as proposições, representando a "sucumbência da política ao desespero, este manipulado pelo marketing". "Quem transforma os graves problemas nacionais em mercadoria de consumo fácil demonstra não estar preparado para governar o Brasil."
O presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), disse que, ao atacar Ciro, o candidato tucano beneficia Lula. "O horário eleitoral estreou de forma normal, à exceção do programa de José Serra, que -nanico de votos- virou laranja de Lula", disse ele, por meio de sua assessoria.
"Direito de espernear ele terá sempre. Não é baixar o nível, é dizer quem é esse transformista que diz mentiras toda hora", disse o presidente do PSDB, José Aníbal.


Colaborou LILIAN CHRISTOFOLETTI, da Reportagem Local



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