São Paulo, sexta-feira, 22 de agosto de 2008

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PF investiga secretário do PT por suposta ação em fraude

Romênio Pereira afirma que desconhece investigação

FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O secretário de Assuntos Internacionais do PT, Romênio Pereira, está sendo investigado pela Polícia Federal. Ele foi flagrado em conversas e encontros suspeitos com lobista preso na Operação João de Barro, deflagrada em junho pela PF.
Pelo parecer da Procuradoria Geral da República, os diálogos sugerem que o petista proporcionaria ao lobista "os contatos necessários para viabilizar as fraudes investigadas". São apuradas obras em 119 cidades orçadas em R$ 700 milhões.
Em abril deste ano, o ministro Cezar Peluso, do STF, atendeu a pedido da PF e autorizou a quebra dos sigilos bancário e telefônico do petista, como revelou o site da revista "Época" ontem. A Folha apurou que, apesar de não ter foro privilegiado, a PF colocou Pereira no núcleo do deputado federal João Magalhães (PMDB-MG).
"Foram captados diálogos que comprovariam o envolvimento no esquema de Romênio Pereira sob a suspeita de que atuaria politicamente para viabilizar perante os ministérios e outros órgãos federais a rápida assinatura de convênios e a destinação dos recursos aos municípios", escreveu Peluso.
Magalhães, segundo parecer da Procuradoria Geral a que a Folha teve acesso, "detém domínio de todas as fases de atuação do grupo para o desvio de recursos", que direcionavam verbas do Orçamento da União para cidades do esquema. Além do peemedebista, o parecer coloca "no ápice da estrutura" investigada o deputado federal Ademir Camilo (PDT-MG) e o lobista João Carlos de Carvalho. Ambos já negaram as acusações anteriormente.
Segundo o documento assinado pelo procurador-geral Antonio Fernando Souza, o lobista era o intermediário da "atividade dos demais agentes -empresários, prefeitos e servidores-, fazendo o elo entre eles e os parlamentares".
Pereira, por meio de nota, alega que jamais foi informado pela PF, pela Procuradoria Geral e pelo STF de que era alvo de investigação. Diz que ficou surpreso, ao ser informado pela imprensa, de que o STF havia determinado a quebra dos sigilos, mas preferiu não comentar as suspeitas até "tomar conhecimento do processo pelas vias legais". Marcelo Bessa, advogado do deputado João Magalhães, diz que não há prova que o relacione a Pereira.
Os investigações da PF indicam que, entre junho e novembro de 2007, o lobista João Carlos e Pereira se encontraram pelo menos sete vezes. Os encontros aconteceram na casa de João Carlos, em Belo Horizonte, e na sala de Pereira na sede nacional do PT em Brasília. A direção do PT em Minas afirma que vai pedir esclarecimentos formais do secretário.


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