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Acusado de suborno se contradiz em depoimento
Suposto emissário de Dantas muda a
primeira versão apresentada à polícia
Na Justiça, Hugo Chicaroni
atribui tentativa de suborno
à PF e rechaça qualquer
pedido de exclusão do
banqueiro da investigação
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A íntegra do depoimento do
professor Hugo Chicaroni,
apontado como suposto emissário do banqueiro Daniel Dantas na tentativa de corromper
um delegado da Polícia Federal, revela que, em menos de 30
dias, ele alterou completamente a primeira versão apresentada à policia.
Em depoimento ao juiz federal Fausto Martin de Sanctis,
da 6ª Vara Criminal de São
Paulo, no dia 7 de agosto, Chicaroni atribuiu à PF a responsabilidade pela tentativa de suborno. Rechaçou qualquer pedido de exclusão de Dantas da
investigação. Assumiu como
sendo dele os R$ 50 mil pagos a
um delegado e concluiu dizendo que acredita que o banqueiro ignorava a negociação.
Cerca de um mês antes, no
dia 9 de julho, Chicaroni se sentou em frente a uma filmadora
da PF e relatou uma história diferente. Na ocasião, disse que
toda a tratativa com os policiais
era um pedido de Dantas, que
estava "muito preocupado"
com o inquérito encabeçado
pelo delegado Protógenes
Queiroz e, por isso, queria "estreitar relações" com o policial.
Declarou que os R$ 50 mil
("um agrado") pagos a um delegado eram de Dantas. Afirmou
que o valor total oferecido ao
policial Victor Hugo, que eles
supunham ser o chefe da investigação, foi de US$ 1 milhão. O
objetivo era livrar Dantas e familiares do inquérito.
Na segunda versão, em frente
ao juiz De Sanctis e observado
por Dantas, Chicaroni disse ter
ficado "desconcertado" ao escutar do delegado o pedido de
US$ 1 milhão. Afirmou que entregou os R$ 50 mil, do próprio
bolso, para ganhar a simpatia
do Grupo Opportunity, de Dantas, e como um "empréstimo" a
Protógenes. "Minha amizade é
muito grande."
Confirmou que os R$ 865 mil
apreendidos na casa dele, no
dia em que foi deflagrada a
Operação Satiagraha, foram
entregues em vários envelopes
por ordem de Humberto Braz,
braço direito de Dantas.
Mas, ao contrário do que disse à PF, afirmou ao juiz que não
sabia se o valor seria usado na
corrupção dos policiais. Disse
apenas que Braz lhe pediu para
guardar o dinheiro, pois "não
tinha onde deixar".
O juiz De Sanctis, que ouviu o
depoimento de Chicaroni, foi o
mesmo que autorizou a PF a simular uma negociação para
prolongar a investigação. Os
encontros foram gravados.
Ao depor como testemunhas
do Ministério Público, Protógenes e Victor Hugo contaram
uma história similar à primeira
versão apresentada por Chicaroni. Victor Hugo afirmou ter
recebido uma ligação de Braz,
pedindo uma reunião.
Testemunhas
Hoje serão ouvidas quatro
testemunhas indicadas por
Chicaroni e uma por Braz, entre elas, o delegado da PF Ricardo Saadi, que substituiu Protógenes no caso, e o escrivão da
PF Amadeu Ranieri. As demais
são: Adelino Augusto de Andrade Jr., Mauro Chicaroni e Roberto Jorge Alexandre.
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