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Líderes discutem "cassar" poder do Conselho de Ética
Decisão sobre perda de mandato caberia ao STF; ao colegiado restaria propor penas leves
Partidos da oposição e da base apoiam mudanças; a extinção do órgão no Senado é defendida por grupo que inclui Sarney
ANDREZA MATAIS
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os líderes dos partidos no Senado discutem alterar as regras
do Conselho de Ética de forma
que o órgão não possa mais sugerir cassação de mandato de
senadores. Eles defendem que
essa punição seja aplicada apenas pelo STF (Supremo Tribunal Federal). O conselho poderia propor penas mais leves, como advertência ou suspensão
temporária do mandato.
A mudança tem o apoio de
governo e oposição e ocorre no
momento em que senadores de
ambos os lados enfrentam denúncias que poderiam resultar
em abertura de processo por
perda de mandato.
Há quem defenda a extinção
do órgão. Para esses, que têm o
presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), como porta-voz, o Judiciário é que tem
isenção para julgar congressistas, mesmo no campo ético.
"Muitas vezes, os membros
do Conselho de Ética se sentem
desconfortáveis tendo de julgar
os seus próprios colegas, numa
violência à consciência ou às
normas jurídicas. Transforma-se num tribunal partidário, em
que cada partido tem que usar a
norma de "ação versus reação'",
escreveu Sarney em artigo publicado na Folha ontem.
Na última quarta, foram engavetados 11 pedidos de investigação contra Sarney e um
contra o líder do PSDB, Arthur
Virgílio (AM). A representação
contra o tucano foi apresentada depois que ele assinou seis
denúncias para investigar Sarney, num exemplo prático do
que o peemedebista chamou de
"ação versus reação".
Os arquivamentos são usados como pretexto para justificar a extinção do órgão ou mudanças nas regras. "Tem que
acabar com essa porcaria. O Senado está sem maturidade para
entender o que deve ir para o
conselho. Se entrar em pauta, o
PMDB vota para acabar com
esse troço", disse o senador
Wellington Salgado (PMDB-MG), vice-presidente da Comissão de Constituição e Justiça, por onde passará a discussão sobre qualquer alteração.
No Senado já tramita, há seis
anos, projeto de Tião Viana
(PT-AC) para extinguir o órgão. A proposta do PMDB está
sendo elaborada pelo presidente do colegiado, Paulo Duque
(PMDB-RJ), e deve ser apresentada na semana que vem.
Para o líder do governo no
Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), o ideal seria manter um
órgão para "passar um pito nos
senadores quando necessário".
Já a "pena capital" seria aplicada apenas pelo STF.
A discussão sobre o julgamento dos congressistas entrará na pauta dos partidos já na
próxima semana, quando o
DEM deve decidir por renunciar às suas vagas no conselho.
O presidente do PSDB, senador
Sérgio Guerra (PE), adiantou à
Folha que também já tomou
decisão neste sentido. Ele é
contra a extinção do órgão, mas
defende que cassação seja assunto apenas do Judiciário.
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