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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
Vedoin isenta Serra, mas acusa sucessor
Chefe da máfia dos sanguessugas incrimina empresário Abel Pereira ao afirmar que ele recebeu propinas na gestão de Barjas Negri
Luiz Antonio Vedoin diz que Geraldo Alckmin "não tem relação com a máfia dos sanguessugas" e que não sabe de indícios contra Serra
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ
O empresário Luiz Antonio
Vedoin, 31, apontado como
chefe da máfia sanguessuga,
disse ontem à Polícia Federal
em Cuiabá (MT) que foi procurado, na "semana retrasada",
pelos petistas Valdebran Padilha, Gedimar Passos e Expedito
Afonso Veloso, interessados
em comprar um dossiê contra
tucanos. Os dois últimos trabalhavam na campanha de Lula.
No depoimento, Vedoin disse que o candidato a presidente
Geraldo Alckmin (PSDB) "não
tem relação com a máfia dos
sanguessugas" e "que não há indícios" da participação, "na máfia", do tucano José Serra, candidato ao governo de SP.
Mas Vedoin incrimina o empresário Abel Pereira "dizendo
que ele recebeu valores para liberação de recursos pendentes
na gestão de Barjas Negri
[substituto de Serra em 2002]
no Ministério da Saúde".
Vedoin afirma ainda que
"Abel é ligado a Barjas". Abel,
em viagem, foi procurado pela
reportagem. Seu funcionário
anotou o recado, mas Abel não
ligou de volta. Barjas, prefeito
de Piracicaba (SP), nega ligação
com os sanguessugas.
Vedoin disse ainda que quatro folhas de papel, encontradas dentro do dossiê contra tucanos, eram a relação de prefeituras, de emendas ao Orçamento e da porcentagem de propina
referentes a acertos com Abel
na compra de ambulâncias. Ele
entregou à PF documentos que
comprometeriam Abel.
Vedoin afirma que "não fez
negócio com a revista "IstoÉ"
para dar entrevistas em troca
de pagamento". Disse que receberia só R$ 1 milhão pelo material sobre tucanos, cujo destino
disse ignorar, e negou conhecer
a negociação com dólares.
O empresário afirma, porém,
que Valdebran fez o contato
com a revista. A entrevista, segundo Vedoin, foi presenciada
por Expedito, diretor afastado
do Banco do Brasil, que trabalhava na campanha de Lula.
À revista o empresário da
máfia disse que o esquema era
"mais fácil" quando Serra era
ministro. Ontem, isentou o tucano. O dossiê era formado por
vídeo, DVD e fotos que mostram Serra em cerimônia de
entrega de ambulâncias, em
2001. Há duas fotos de Alckmin
em congresso em SP.
Vedoin disse que há 90 dias
mandou chamar na prisão o
empresário Valdebran (filiado
ao PT), de quem disse ser amigo
há oito anos, para cobrar dívida
de R$ 700 mil, referentes à
compra de emendas ao Orçamento. Ao deixar a prisão em 11
de julho, Vedoin -preso de novo por causa do dossiê- disse
ter sido procurado por Valdebran, que disse poder arrumar
dinheiro para quitar o débito,
se tivesse o material sobre Serra. Valdebran, segundo Vedoin,
"foi a SP" depois da conversa.
Na semana retrasada, Vedoin
disse que foi procurado por
Valdebran, Gedimar e Expedito
em Cuiabá.
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