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Empresário ligado a tucano tentou falar com Vedoin no dia da venda do dossiê
DO ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
O empresário de Piracicaba
Abel Pereira, ligado ao ex-ministro e braço direito de José
Serra na Saúde Barjas Negri,
esteve em Cuiabá no fim do
mês passado e ligou três vezes
para falar com Luiz Antonio
Vedoin no dia em que o chefe
da máfia das ambulâncias fechou a venda do dossiê contra o
PSDB, de acordo com interceptações telefônicas feitas pela
Polícia Federal e informações
obtidas pela reportagem.
Na segunda quinzena de
agosto, Abel se hospedou no
hotel Taiamã, em Cuiabá. No
último dia 14, ele ligou três vezes para Robson, ex-cunhado
de Vedoin, que confirmou à Folha ter recebido as ligações mas
pediu para não ter o sobrenome
publicado.
Segundo Robson, era perceptível que Abel estava ansioso e
preocupado por não conseguir
falar com Vedoin.
De acordo com Robson, Abel
fazia perguntas vagas sobre
uma determinada "questão",
não explicando exatamente do
que se tratava. Robson disse
não tinha como ajudá-lo, pois
não sabia nada do assunto.
Após a segunda ligação, Robson ligou para Vedoin, passando o telefone de Abel. Ele disse
que não queria se envolver no
caso, mas que ficou preocupado
com a insistência de Abel.
O telefonema de Robson para Vedoin foi registrado pela PF
às 11h15 do dia 14. Nessa conversa, o dono da Planam pediu
a Robson que, se Abel telefonasse de novo, dissesse que ele
estava viajando.
No final da tarde do mesmo
dia, às 17h41, Vedoin ligou para
Robson, para saber se Abel o
havia procurado novamente.
Robson disse que sim, mas que
havia "quebrado o galho" de
Vedoin, tendo dito que ele estava viajando, como combinado.
Robson diz que Abel ligou para sua loja porque não estava
conseguindo falar com Vedoin.
Abel teria o telefone de sua loja
porque o dono da Planam havia
ligado dias antes para ele de lá.
Abel Pereira foi acusado por
Vedoin de ser o responsável por
liberar as emendas no Ministério da Saúde, na gestão de Barjas Negri, que interessavam à
quadrilha. Negri foi secretário-executivo da pasta quando Serra esteve à frente do ministério
e o substituiu em 2002. Abel é
empresário de Piracicaba (SP),
cidade da qual Negri é prefeito.
No mesmo dia em que Abel
procurou por Vedoin, o empresário da Planam fechou a venda
de um dossiê com vídeos e fotos
de Serra entregando ambulâncias compradas das empresas
da quadrilha dos sanguessugas.
(LEONARDO SOUZA E HUDSON CORRÊA)
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